Desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) arquivou as acusações sobre sua participação na tentativa de golpe de Estado, o governador bolsonarista do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), fazia jejum de declarações radicais. Mas, sem negar sua real natureza, ele finalmente não se aguentou. Da capital dos Estados Unidos, Ibaneis acusou o STF de interferir nas eleições de 2022 e de humilhar as pessoas que julga, como registrou o Radar, de VEJA.
O alinhamento de Ibaneis Rocha com o bolsonarismo é história antiga. Na pandemia, quando o Distrito Federal já contabilizava um número trágico de mortos, ele fazia churrasco com integrantes do primeiro escalão de Bolsonaro. Quando a população passava fome, ele gravava vídeo ensinando receitas, diretamente de sua mansão.
Ibaneis não está sendo julgado pelo STF porque, segundo Alexandre de Moraes, faltaram provas sobre sua participação no golpe. Até mesmo as pilastras da rodoviária do plano piloto sabiam da possibilidade de haver violência na manifestação marcada para o 8 de janeiro de 2023, mas Ibaneis conseguiu convencer o STF de que não foi omisso.
Anos antes, em 2016, o então governador Rodrigo Rollemberg determinou a instalação de um muro temporário na Esplanada para evitar o confronto entre apoiadores de Dilma Rousseff e os partidários do impeachment. Naquele dia, nenhum prédio foi invadido. Tampouco os dois lados se confrontaram. Em 2023, após meses de amotinamento golpista em frente a um prédio militar, Ibaneis não adotou nenhuma medida preventiva.
A liberdade com que Ibaneis defende o radicalismo é a consequência da impunidade. Caso exemplar para que os demais golpistas não fiquem impunes.