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Senado dos EUA quer pagar US$ 100 milhões pela captura de Maduro

Donald Trump quer um Nobel. É legítimo. Muitos políticos sonham esse sonho.

Barack Obama conseguiu. Ganhou um Nobel da Paz fazendo guerra todos os dias durante os seus dois mandatos na Casa Branca. Foi à luta no Afeganistão contra o Talibã, no Iraque contra o Estado Islâmico, e, na Líbia contra Muamar Kadafi. Seu governo caçou terroristas, capturou e matou Osama Bin Laden.

Lula ainda sonha. Há 32 meses retornou ao Palácio do Planalto divagando sobre a liderança na América do Sul e no grupo de países conhecido como Brics; com planos para acabar com a fome na África; negociar o fim das guerras na Ucrânia e na Palestina; além de reformar a ONU, o FMI e o Banco Mundial, entre outras instituições. Deu tudo errado, mas o governo persiste no lobby discreto junto ao Comitê Norueguês do Nobel.

Trump não é nada discreto. Seu problema, como o de Lula, é a realidade. No sétimo mês do mandato o “pacificador” está atolado nas guerras de Vladimir Putin contra a Ucrânia e de Benjamin Netanyahu contra a Palestina; criou o próprio conflito global na competição econômica e tecnológica com a China; e, desde a semana passada, conduz as Forças Armadas dos Estados Unidos numa inédita e perigosa operação marítima ao sul do Caribe, com execuções extrajudiciais em águas internacionais.

“Matar membros dos cartéis que envenenam nossos cidadãos é o maior e melhor uso de nossas forças armadas”, disse no fim de semana James David (JD) Vance. O vice de Trump se referia ao assassinato de 11 pessoas que o governo americano classificou como “criminosos”.

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Haviam saído da Venezuela numa lancha, supostamente carregada de drogas. Foram atingidos por um míssil (Hellfire AGM-114) lançado por um drone (MQ-9 Reaper) da Marinha. Os EUA interceptaram, julgaram e executaram em alto-mar, terra de ninguém no Direito, onde nenhum Estado tem soberania.

As tropas de Trump estão usando Porto Rico como base para ação no Caribe. São ao menos quatro mil soldados em oito navios, uma dezena de caças e um submarino movido a propulsão nuclear. Começaram a assumir o controle das rotas caribenhas.

É evidente o cerco à Venezuela, pelo Atlântico, com reflexos para ditaduras regionais, como Nicarágua e Cuba, amparadas pelos petrodólares de Caracas.

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A cleptocracia comandada por Nicolás Maduro não tem capacidade bélica para confrontar a força-tarefa enviada por Washington. Seus melhores aviões de combate são dos anos 1980. Um par de caças (F-16) se exibiu em provocação a um destroier americano, recebeu advertência e retornou ileso à base continental.

A flotilha dos EUA é grande demais para combate a narcotraficantes e pequena demais para invasão de um país. É uma força autônoma adequada a operações especiais, capaz de preparar e executar a “extração” de alguém que, eventualmente, seja pessoa de interesse para o governo de Washington. A palavra ‘extração”, no caso, significa sequestro.

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Um alvo reconhecido é o ditador venezuelano, com prisão por narcotráfico decretada em Nova York. Nicolás Maduro, vivo ou morto, valia 15 milhões de dólares em outubro do ano passado. Subiu para 25 milhões em janeiro, valor igual ao oferecido por Bin Laden. Chegou a 50 milhões no mês passado e vai aumentar.

O senador republicano da Flórida Richard Lynn Scott, mais conhecido como Rick Scott, apresentou ao Congresso proposta para dobrar a recompensa. Maduro passaria a valer 100 milhões de dólares. É dinheiro suficiente para financiar grupos mercenários e/ou dissidências nas Forças Armadas venezuelanas.

Porém, ainda não está claro o que o governo Trump realmente quer da Venezuela. Enquanto mobiliza uma força-tarefa poderosa para o cerco na costa atlântica, mantém negociações diretas com a ditadura de Maduro. Uma delas é sobre a contenção do fluxo migratório na direção dos fronteira americana. Outra é para garantia do fluxo de comércio de petróleo às refinarias do sul dos EUA projetadas para processar o óleo venezuelano, que é do tipo pesado.

As ambiguidades de Trump no Caribe, sobretudo em relação à Venezuela, parecem ser úteis aos republicanos na preparação para as eleições legislativas do ano que vem. Disputam o voto latino, que tem peso específico em zonas eleitorais relevantes como o da Flórida. O risco está na transformação do Caribe e, especialmente, da Venezuela em zona de guerra, num conflito de consequências imprevisíveis para vizinhos como o Brasil.

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