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O choro e a estratégia de Michelle Bolsonaro no 7 de Setembro bolsonarista

A presença de Michelle Bolsonaro no ato de 7 de Setembro em São Paulo, que reuniu 42 mil pessoas na Avenida Paulista, reforçou o tom de vitimização em torno do ex-presidente Jair Bolsonaro e ampliou o protagonismo político da ex-primeira-dama. Em discurso emocionado, Michelle disse viver “humilhação” com a prisão domiciliar do marido e relatou revistas diárias em sua casa e no carro da filha de 14 anos. “Quem era para estar aqui era o meu marido, que hoje está amordaçado dentro de casa”, declarou.

A fala, carregada de apelo pessoal, foi acompanhada por um público 12% maior que o da manifestação anterior da direita no mesmo local. Para a editora Laryssa Borges, em análise no programa Ponto de Vista, o discurso consolida Michelle como um dos nomes de maior projeção da oposição. “Ela tem forte apelo entre mulheres e evangélicos. Se não for cabeça de chapa em 2026, pode compor como vice em alianças, inclusive em uma eventual chapa com Tarcísio de Freitas”, afirmou.

A revelação de Michelle a VEJA sobre a Presidência

Segundo Laryssa, a ex-primeira-dama já admitiu à VEJA que toparia disputar a Presidência “se fosse missão de Deus”. Essa disposição, somada à adesão crescente nos atos, confere novo peso à direita, justamente às vésperas do julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (STF).

O calendário definido pelo relator, ministro Alexandre de Moraes, foi estratégico. Moraes reservou seu voto para depois do 7 de Setembro, justamente para evitar que a defesa ou apoiadores de Bolsonaro usassem uma eventual condenação como combustível para a narrativa de perseguição. O voto, que deve ser lido nesta terça-feira, terá cerca de quatro horas de duração e trará os recados mais duros da Corte às manifestações bolsonaristas.

Cada detalhe guardado para o julgamento

Borges revelou bastidores da preparação do ministro. Moraes decidiu escrever de próprio punho a parte da dosimetria das penas, sem auxílio de assessores, para manter absoluto controle do processo. O conteúdo do voto foi mantido em sigilo até mesmo dos demais ministros. “Ele não distribuiu previamente o texto, como costuma ocorrer em julgamentos sensíveis. Quer guardar cada detalhe até o momento da leitura”, disse.

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A expectativa no STF é que os votos sigam três linhas distintas: a mais dura, de Moraes, possivelmente acompanhada por Flávio Dino; uma intermediária, de Cristiano Zanin, com condenações, mas penas menores; e a mais flexível, de Luiz Fux, que pode aceitar a tese de crimes sobrepostos, reduzindo sentenças. A defesa aposta que Fux será o mais sensível aos argumentos dos advogados.

O julgamento deve definir não apenas o destino de Bolsonaro e de outros sete réus acusados de tentativa de golpe, mas também a temperatura política do país. Para Laryssa, o ato de Michelle Bolsonaro mostrou que a direita mantém capacidade de mobilização e, sobretudo, encontrou em sua figura um ativo eleitoral com discurso capaz de galvanizar setores estratégicos do eleitorado.

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