Desde o início das investigações contra Jair Bolsonaro por tentativa de golpe, aliados do ex-presidente cobram uma postura mais firme do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas em relação ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Com uma conhecida boa relação com ministros da Suprema Corte, o governador era instado a questionar a postura dos magistrados e apontar uma suposta perseguição nas ações contra Bolsonaro e o filho Eduardo.
Tarcísio hesitou por meses, mas, com o cerco a Bolsonaro se fechando, passou a erguer a bandeira de um perdão total. Ele deu uma entrevista dizendo que sua primeira medida, caso seja eleito presidente, será conceder um indulto ao seu principal padrinho político. Ato contínuo, desembarcou em Brasília na última semana para trabalhar pela aprovação de uma proposta pela anistia.
O gesto, porém, ainda não é suficiente para aplacar as desconfianças em relação à real intenção do governador de comprar uma briga com o Supremo. Pessoas próximas a Jair Bolsonaro lembram que a Corte barrou o indulto dado ao ex-deputado Daniel Silveira – numa comparação, eles afirmam que o ex-presidente “tem mais o povo” que o governador paulista, e mesmo assim teve o ato revisto.
Para uma figura próxima à família presidencial, Tarcísio até poderia assinar o indulto, mas, caso o ato seja barrado, não travaria uma batalha com o Supremo para contestar a decisão. “Depois ele falará que tentou e fica por isso mesmo”, diz esse aliado.
Por isso, apesar da pressão do Centrão para que Tarcísio seja o nome ungido por Bolsonaro para sucedê-lo, não são poucas as pessoas no entorno do ex-presidente que avaliam ser mais segura uma “solução caseira” para 2026 com a indicação de nomes da família – a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro ou a indicação de que Bolsonaro, mesmo inelegível e possivelmente preso, lance a sua candidatura e coloque algum filho de vice para substitui-lo na véspera do pleito.
Em meio às suspeitas, defensores da candidatura de Tarcísio tentam impor um cenário mais otimista. Bolsonaro já ouviu de um deles que o Supremo não teria disposição de comprar uma briga com um presidente recém-eleito após todo o desgaste provocado no julgamento do golpe, que fez despencar a imagem da Corte.
Além disso, para 2027, espera-se uma composição ainda mais à direita no Senado, o que poderia deixar os ministros nas cordas diante da possibilidade de aprovação do impeachment contra eles.