O julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de golpe durante o governo Bolsonaro tornou-se também uma batalha narrativa pela integridade das instituições democráticas.
Cármen Lúcia assumiu papel central. Sua intervenção na sustentação do advogado Paulo Renato Cintra, defensor de Alexandre Ramagem, foi mais do que uma correção técnica: representou contenção da desinformação e reforço probatório ao processo.
Como destacou a colega Mafê Firpo, aqui na Veja, a ministra interrompeu o advogado que tratava “voto impresso” e “processo auditável” como sinônimos. Foi taxativa: “O processo eleitoral é amplamente auditável no Brasil”.
(https://veja.abril.com.br/coluna/veja-gente/a-pronta-resposta-de-carmen-lucia-a-advogado-de-ramagem-no-stf/
Não se tratou de preciosismo jurídico. Como informei na coluna, a confusão entre esses termos foi a base da campanha de Jair Bolsonaro contra as urnas. Permitir a repetição da narrativa ao vivo seria dar palco à mesma fake news que sustentou a escalada golpista.
A ministra foi além. Conseguiu extrair de outro advogado a afirmação de que seu cliente tentara “demover Jair Bolsonaro de uma medida de exceção”, declaração que pesa ainda mais sobre as costas do ex-presidente.
Nos bastidores, o gesto foi visto como um “puxão de orelha necessário” e recebeu elogios. Ao agir, Cármen Lúcia assumiu a responsabilidade de impedir que a sessão se transformasse em instrumento de desinformação.
Mais do que julgadora, ela se coloca como guardiã do processo em duas frentes: assegura precisão jurídica e, ao mesmo tempo, protege a integridade do debate público contra as narrativas que corroem a democracia.