O governo do Líbano recebeu nesta sexta-feira, 5, um plano inédito do Exército para desarmar o Hezbollah, o mais poderoso grupo armado do país. A iniciativa, resultado de intensa pressão dos Estados Unidos e de aliados regionais em meio a tensões com Israel, pode reacender tensões internas.
A apresentação do plano levou ministros ligados ao grupo xiita e ao partido Amal, aliado do braço político do Hezbollah, a abandonar a reunião de gabinete. Segundo o governo, a meta é que todas as armas de grupos paramilitares estejam sob controle estatal até o fim de 2025. A principal facção libanesa, apoiada e financiada pelo Irã, rejeitou publicamente a proposta, argumentando que seu arsenal é essencial para resistir à presença militar de Israel no sul do país.
Pressão americana
A decisão do governo vem depois de uma ofensiva diplomática de Washington. O governo do presidente Donald Trump enviou os emissários Tom Barrack e Morgan Ortagus para mediar negociações entre Beirute e Tel Aviv, com o objetivo de atrelar o desarmamento à retirada das forças israelenses que ocupam cinco posições estratégicas no território libanês.
Embora os Estados Unidos tenham mediado um cessar-fogo no ano passado entre Israel e Líbano, ataques aéreos israelenses continuam a atingir a nação persa quase diariamente, fortalecendo a narrativa do Hezbollah de que ainda é necessário manter-se armado para “a defesa nacional”.
Redução de poder e influência
Mesmo enfraquecido nos últimos dois anos, o Hezbollah segue sendo a principal força militar do Líbano e conta com apoio significativo da comunidade xiita. Além de sua ala armada, atua como partido político com assentos no Parlamento e administra uma rede de serviços sociais que garante assistência a milhares de libaneses.
Críticos acusam o primeiro-ministro libanês, Nawaf Salam, de ceder à pressão internacional, enquanto Israel mantém operações militares no sul do Líbano. Autoridades israelenses indicaram que uma retirada gradual poderia ocorrer se o plano de desarmamento for, de fato, implementado.
O Líbano foi devastado por um conflito de um ano entre o Hezbollah e Israel, iniciado em apoio ao grupo palestino Hamas, depois dos ataques de 7 de outubro de 2023 que fizeram eclodir a guerra em Gaza. A campanha militar israelense enfraqueceu severamente a facção libanesa, levando a morte de seu longevo líder, Hassan Nasrallah, e reduzindo significativamente a influência do grupo no país.