Uma megaoperação contra a imigração ilegal nos Estados Unidos resultou na prisão de 475 pessoas, a grande maioria de coreanos, na quinta-feira 4 em uma fábrica da Hyundai em Ellabell, uma pequena cidade no estado americano da Georgia. As autoridades informaram que todos os detidos estavam presentes no país de maneira irregular.
De acordo com o agente especial Steven Schrank, do Departamento de Segurança Interna (DHS), alguns detidos haviam cruzado ilegalmente a fronteira sul, com o México; outros tinham isenção de visto, mas não autorizações de trabalho; e os demais ultrapassaram o prazo de permanência determinado pela permissão de entrada.
Schrank afirmou que muitos dos funcionários podem ter sido contratados ou subcontratados pela Hyundai, o que foi negado pela empresa sul-coreana à emissora americana CNN. “É nosso entendimento que nenhum dos detidos é empregado diretamente da Hyundai Motor Company. Priorizamos a segurança e o bem-estar de todos que trabalham no local e cumprimos todas as leis e regulamentos onde quer que operemos”, disse o porta-voz da empresa, Michael Stewart, em comunicado emitido nesta sexta-feira, 5.
Coordenada pelo DHS, a operação de fiscalização foi a maior da história a acontecer em um único local, e contou com o envolvimento de outras agências federais, incluindo o ICE, polícia de imigração, e o FBI. “Essa operação reafirma nosso comprometimento em proteger empregos para os georgianos, garantindo igualdade de condições para empresas que cumprem a lei, salvaguardando a integridade de nossa economia e protegendo os trabalhadores da exploração”, disse um comunicado emitido pelo DHS.
Em entrevista à agência de notícias Reuters, uma autoridade da Coreia do Sul disse que os trabalhadores foram levados a um centro de detenção do ICE.
Com 11 km² de extensão, a megafábrica Hyundai Metaplant é dividida em dois setores: um destinado à fabricação de veículos elétricos da marca e outro designado para a produção de baterias EV, montadas em parceria com a LG. Segundo a agência de notícias The Associated Press, a batida interrompeu a construção de baterias. Em fevereiro do ano passado, o governador da Geórgia, o republicano Brian Kemp, considerou a fábrica uma benção para a economia local. Se esperava que a iniciativa criasse mais de 8 mil empregos locais.
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Cruzada anti-imigração
A operação é mais um capítulo na cruzada do governo de Donald Trump contra a imigração irregular nos Estados Unidos. Ainda na quinta, uma fábrica de barras nutricionais no interior de Nova York foi alvo de outra batida do ICE, resultando na prisão de dezenas de funcionário. O episódio gerou insatisfação por parte da governadora do estado, a democrata Kathy Hochul.
“Estou indignada com as incursões do ICE nesta manhã”, declarou ela, afirmando que as operações “não tornarão Nova York mais segura” e somente “destruirão famílias trabalhadoras que tentam construir uma vida aqui”.
Já em Chicago, cidade no norte do país também governada pelos democratas, as autoridades locais se preparam para uma grande operação de fiscalização de imigrantes, em um momento no qual agentes da Guarda Nacional foram mobilizados por Trump sob a justificativa de reduzir o crime no maior centro urbano de Illinois, em um movimento semelhante ao ocorrido em Washington e Los Angeles.