A vice-primeira-ministra do Reino Unido, Angela Rayner, renunciou nesta sexta-feira, 5, após um escândalo sobre não pagamento do valor completo de impostos de um apartamento de £ 800.000 (mais de R$ 5,8 milhões) na cidade de Hove, em Sussex. Ela deixou, ainda, os cargos de secretária de Habitação e de vice-líder trabalhista, o que levará a uma eleição interna no partido governista. Rayner será substituída por David Lammy, até então secretário das Relações Exteriores. Ele também assumirá o posto de secretário da Justiça.
A saída ocorre após o conselheiro de ética do primeiro-ministro, Laurie Magnus, concluir que Rayner havia “agido com integridade e com um comprometimento dedicado e exemplar com o serviço público”, mas havia violado o código ministerial em assuntos fiscais. Ela que recorreu a Magnus após perceber o engano, que consiste no pagamento incorreto de uma taxa mais baixa do imposto de selo, uma taxa cobrada pelo governo do Reino Unido sobre a compra de imóveis e propriedades, na residência em Hove.
A ex-vice disse que chegou a procurar aconselhamento jurídico, mas não fiscal especializado, como é recomendado. Em carta de renúncia, Rayner reconheceu a falha: “Há muito tempo acredito que as pessoas que servem o público britânico no governo devem sempre observar os mais altos padrões e, embora o consultor independente tenha concluído que agi de boa-fé, honestidade e integridade em todos os aspectos, reconheço que não atendi aos mais altos padrões em relação à minha recente compra de imóvel”, escreveu.
“Lamento profundamente minha decisão de não buscar aconselhamento tributário especializado adicional, considerando tanto minha posição como secretária de habitação quanto meus complexos arranjos familiares. Assumo total responsabilidade por este erro. Gostaria de aproveitar esta oportunidade para reiterar que nunca foi minha intenção fazer nada além de pagar o valor correto”, afirmou ela.
“Dadas as descobertas e o impacto na minha família, decidi renunciar ao cargo de vice-primeiro-ministro e secretário de Estado para Habitação, Comunidades e Governo Local, bem como vice-líder do Partido Trabalhista”, acrescentou.
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Crise ministerial
Raynes é a quinta ministra a deixar o governo do primeiro-ministro Keir Starmer, no poder desde julho do ano passado, por razões pessoais. Trata-se, então, de uma crise mais ampla para o premiê, que realizará uma reforma ministerial em breve, disseram fontes de Downing Street ao jornal britânico The Guardian. As mudanças, segundo as informações, não afetarão a chanceler do Tesouro, Rachel Reeves. Veja abaixo quais foram os funcionários da administração Starmer que tiveram de abandonar os cargos.
- Louise Haigh: renunciou ao cargo de secretária de Transportes em novembro, quando foi à tona de que havia se declarado culpada de fraude por falsa representação em 2014. Na época, ela informou incorretamente à polícia que havia sido assaltada e levaram seu celular;
- Tulip Siddiq: deixou o posto de secretária da Cidade em janeiro, depois que o consultor de ética afirmou que era “lamentável” que ela não tivesse percebido “potenciais riscos à reputação” dos laços com sua tia, a deposta líder bengali Sheikh Hasina;
- Andrew Gwynne: secretário da Saúde demitido em fevereiro. Ele enviou uma série de mensagens ofensivas, abusivas e sexistas em um grupo de WhatsApp;
- Rushanara Ali: saiu do cargo de secretária de Saúde em agosto após críticas por despejar inquilinos de um imóvel que possuía para, então, aumentar o preço do aluguel. Ela havia dito que venderia a casa, mas alugou novamente a residência por supostamente não ter conseguido fechar um negócio.