A Organização das Nações Unidas (ONU) cobrou nesta quarta-feira (3) que países apresentem ainda em setembro novas metas climáticas mais ambiciosas, em um movimento para pressionar grandes economias, como a União Europeia e a China, às vésperas da COP30, que será realizada em novembro, no Brasil.
As metas, conhecidas como NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas, na sigla em inglês), são a base do Acordo de Paris de 2015 e devem detalhar como cada nação pretende cortar suas emissões até 2035.
Embora tenham se comprometido a apresentar as atualizações neste ano, a maioria dos países ainda não entregou os planos.
Em carta enviada a quase 200 governos, Simon Stiell, chefe de clima da ONU, classificou as NDCs como “a pedra angular da luta da humanidade contra a crise climática”.
Segundo ele, os planos nacionais “estão entre os motores mais poderosos deste século para o crescimento econômico e a elevação dos padrões de vida”.
A China, maior poluidora do mundo atualmente, limitou-se a afirmar que pretende atualizar sua meta no outono. Já a União Europeia enfrenta dificuldades internas para fechar sua proposta.
França e Polônia pediram, neste mês, o adiamento da aprovação da meta de 2040, que serviria de referência para os cortes até 2035.
O balanço da ONU servirá de termômetro para avaliar se os compromissos são suficientes para manter o aquecimento global em níveis seguros ou se será necessário ampliar ainda mais a ambição.
A resposta dos governos será também um teste da real disposição política em um momento em que os Estados Unidos, maior economia do planeta e poluidor histórico, dão sinais de recuo em suas metas.
A cobrança da ONU ocorre em meio a recordes consecutivos de aquecimento global. O ano passado foi o mais quente já registrado, e os dez anos mais quentes da história ocorreram todos na última década.
O impacto já se manifesta em fenômenos extremos: tempestades torrenciais, incêndios florestais e ondas de calor em vários continentes.
COP30 e o papel do Brasil
A COP30, que será sediada em Belém (PA), ganhou peso simbólico por acontecer no coração da Amazônia, região central para o equilíbrio climático global.
O encontro discutirá, principalmente, a implementação de metas mais rigorosas de redução de emissões, o financiamento climático para países em desenvolvimento e a proteção das florestas tropicais.
O Brasil terá protagonismo especial. O governo Lula assumiu o compromisso de zerar o desmatamento até 2030 e tenta reposicionar o país como liderança ambiental, após anos de retrocessos na política climática.
Além disso, negocia com parceiros internacionais mecanismos de financiamento para conservação da Amazônia e busca impulsionar o mercado de carbono regulado, cuja regulamentação ainda está em debate no Congresso.
Especialistas apontam que o Brasil pode ser o “fiador” da ambição global: se conseguir mostrar avanços reais na redução do desmatamento e no fortalecimento de políticas ambientais, terá autoridade para pressionar outras potências a elevar suas metas.
Por outro lado, fracassos internos poderiam fragilizar sua posição em um momento em que a comunidade internacional cobra urgência diante da crise climática.