Em uma ação que eleva ainda mais as tensões na região, o governo dos Estados Unidos ordenou o envio de 10 caças F-35 para o Caribe, revelou a agência de notícias Reuters nesta sexta-feira, 5, com base em fontes militares americanas. Os jatos serão posicionados em uma base aérea em Porto Rico para realizar operações contra cartéis de drogas, próximo à área onde navios de guerra americanos já estão posicionados.
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Os F-35 se somam aos sete navios de guerra, um submarino nuclear de ataque rápido e aviões espiões já posicionados pelos EUA no sul do Caribe, em uma campanha de pressão sobre o governo de Nicolás Maduro. Não ficou claro, no entanto, se a decisão foi tomada após o governo de Donald Trump afirmar, na quinta-feira, que dois aviões militares da Venezuela teriam voado perto de um navio da Marinha americana em águas internacionais, em uma ação definida por Washington como “altamente provocativa”.
“O cartel que controla a Venezuela é fortemente aconselhado a não prosseguir com qualquer esforço adicional para obstruir, dissuadir ou interferir nas operações de combate ao tráfico de drogas e contraterrorismo realizadas pelos militares dos Estados Unidos”, escreveu o Pentágono, em nota.
A declaração segue aumento de tensão entre os dois países. Na terça-feira, os EUA atacaram um navio venezuelano que, segundo Washington, transportava drogas da Venezuela e estaria tripulado por membros de uma organização criminosa. A Venezuela, por sua vez, não reconheceu a destruição da embarcação e a morte da tripulação, acusando os EUA de usarem inteligência artificial (IA) para criar um vídeo do ataque.
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Washington vem aumentando a pressão sobre a Venezuela nos últimos meses, ao mesmo tempo em que coordena as deportações de venezuelanos com o próprio chavismo. No início do ano, a gangue Tren de Aragua e os cartéis de drogas de origem venezuelana, incluindo o Cartel dos Sóis, foram classificados como organizações terroristas. Segundo os Estados Unidos, ambas as organizações são lideradas por Maduro e outros altos funcionários de seu governo.
Com esse argumento, ele implementou uma intensa operação militar no Caribe contra o narcotráfico. Maduro também endureceu sua retórica contra os Estados Unidos. Ele insistiu que o envio de oito navios de guerra e um submarino nuclear para o Caribe é “a maior ameaça que a região já enfrentou em cem anos”, comparável apenas à Crise dos Mísseis de Cuba de 1962.
O chavismo alega que o governo americano alimentara uma narrativa para forçar uma mudança de governo na Venezuela, sob falsas acusações de tráfico de drogas contra seus líderes. Outros países, como a Argentina e a República Dominicana, seguiram os Estados Unidos e declararam o Cartel dos Sóis uma organização terrorista.
O governo Maduro citou o aumento nas apreensões de narcóticos como prova de que não está envolvido em cartéis. No mês passado, o presidente também enviou 15 mil soldados para a fronteira com a Colômbia em um plano conjunto para combater as gangues criminosas que operam naquele corredor.
Maduro reiterou nesta terça-feira que os americanos pretendem atacar a Venezuela recorrendo a “uma história em que ninguém acredita”. “Eles estão vindo atrás do petróleo venezuelano; eles o querem de graça. Esse petróleo não pertence a Maduro, muito menos aos americanos. Pertence a vocês, o povo da Venezuela”, disse o presidente em discurso transmitido pela TV. Mais uma vez, ele minimizou as acusações de Trump e denunciou diretamente Marco Rubio de ser o principal responsável pelas investidas, afirmando que ele “quer sujar as mãos do presidente Donald Trump de sangue”.