Um reforço financeiro da Petrobras vai ajudar a tirar do papel as tão esperadas melhorias no acesso ao Cristo Redentor. Um Termo de Compromisso de Compensação Ambiental (TCCA), assinado entre a companhia e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), prevê R$ 15 milhões para a troca completa das quatro escadas rolantes e a instalação de um plano inclinado automático em paralelo, que vai facilitar a visitação de Pessoas com Deficiência (PcD).
A acessibilidade é hoje um ponto crítico do entorno do monumento, principal ponto turístico do Brasil. Não raro, as escadas rolantes, de tecnologia obsoleta, apresentam falhas na operação, assim como os elevadores. Responsável por toda essa área, o ICMBio apresentou no fim do ano passado um amplo projeto para modernizar a infraestrutura do Alto do Corcovado, que integra o Parque Nacional da Tijuca. O Ministério do Meio Ambiente anunciou que destinará R$ 75 milhões, entre 2025 e 2027, para as intervenções.
Polêmica sobre área da União
Os recursos envolvidos no acordo com a Petrobras são fruto de uma compensação ambiental, definida pelo Ibama, relacionada à instalação da plataforma P-56 na Bacia de Campos. “Trabalhamos para melhorar a qualidade e a segurança da visitação no Alto Corcovado, ampliando a acessibilidade e a proteção para todos que frequentam essa área pública, que se encontra dentro do Parque Nacional da Tijuca e constitui uma valiosa contribuição para a conservação da natureza da Mata Atlântica. Aprimorar a infraestrutura para a visitação, como estamos fazendo, fortalece o espaço público, que pertence à população da cidade do Rio de Janeiro, do Estado e do Brasil, desde sua criação ainda no período do Império”, afirma o presidente do ICMBio, Mauro Pires, numa fala reforçando que a área pertence à União.
O destaque se deve a uma polêmica histórica com Arquidiocese do Rio que ganhou força nos últimos meses, como já mostrou VEJA. Dona da estátua do Cristo, a Igreja Católica reivindica há décadas o Alto do Corcovado, agora alvo de uma ofensiva no Congresso através de projetos de lei. No Senado, tramita uma proposta da bancada do PL do Rio que exclui essa área do parque nacional, sob a justificativa de má gestão. O espaço equivale a 0,02% da unidade de conservação, mas arrecada milhões com o turismo no monumento. A parte que vai para o cofre da União banca boa parte do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, com 75 parques nacionais.
O Santuário Cristo Redentor lista “problemas crônicos” no entorno da estátua. As escadas rolantes, ressalta a entidade em nota enviada a VEJA, chegaram a permanecer inoperantes por três meses. Os banheiros, por três anos. O ponto turístico ainda possui uma deficiência grave: a falta de sinal de telefonia e de internet, isso em plena era das redes sociais. Para a entidade católica, liderada pelo padre Omar Raposo, há um contraste claro entre o monumento “impecavelmente conservado” e a infraestrutura pública em volta: “essa disparidade reforça a urgência de um novo arranjo institucional”, respondeu o santuário a VEJA, ressaltando que não busca rever concessões nem redirecionar a bilheteria. No entanto, a mudança pretendida permitiria à Arquidiocese do Rio explorar a área das lojinhas e lanchonetes e promover atividades com bem menos amarras.
Petrobras fará obra
O termo acordado entre a Petrobras e o ICMBio estabelece que a companhia fará a compra das novas escadas rolantes e a contratação da empresa que realizará a obra e a troca dos equipamentos. Ao ICMBio, caberá orientar e supervisionar as intervenções e fazer o controle e fiscalização da execução do projeto. As mudanças receberam autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), já que a área é tombada.
Acessibilidade é um dos pontos mais emergenciais apresentados dentro do plano de revitalização do ICMBio, que contempla outros locais do parque. O projeto completo do instituto é dividido em fases. A primeira abrange modernização dos elevadores e a instalação de banheiros para o público com mobilidade reduzida. Essa parte será implementada para o verão de 2026/2027. A segunda fase, prevista para acontecer no ano que vem, inclui um espaço de alimentação e um mirante novos.