O PIB brasileiro cresceu 0,4% no segundo trimestre, desacelerando em relação ao 1,3% registrado nos três primeiros meses do ano, segundo o IBGE. Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o resultado reflete a combinação de juros altos, enfraquecimento da demanda interna e aumento das importações.
Na comparação anual, o crescimento foi de 2,2%, abaixo da projeção de 2,5% da própria entidade. Os números confirmam a avaliação da CNI de que a Selic, hoje em 15%, é “insustentável para quem produz”.
“Se a redução da taxa de juros não ocorrer logo, os efeitos da queda da atividade industrial deverão se alastrar pela economia, na medida em que afetarem emprego e renda do trabalhador industrial, além dos investimentos”, afirmou Ricardo Alban, presidente da CNI, que está em Washington liderando missão empresarial para negociar alternativas ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos.
Serviços e petróleo sustentam avanço
Entre os setores, apenas Serviços (+0,6%) e Indústria (+0,5%) mostraram crescimento no trimestre. A alta da indústria, no entanto, foi explicada exclusivamente pela extração mineral, com avanço de 5,4% puxado pela produção de petróleo. Já a transformação (-0,5%) e a construção (-0,2%) recuaram pelo segundo trimestre seguido.
Segundo a CNI, esses setores são os mais penalizados pelos juros altos e pela entrada crescente de importados. As vendas de materiais de construção, por exemplo, caíram 1,9% no trimestre, enquanto o consumo de bens industriais domésticos recuou 0,4%.
Importados avançam, consumo doméstico perde fôlego
O consumo das famílias ainda avançou 0,5%, mas a demanda por bens industriais já mostra retração. Ao mesmo tempo, as importações de manufaturados cresceram 2,3% na passagem do primeiro para o segundo trimestre, com destaque para veículos (+17,7%) e produtos farmacêuticos (+8,6%). O maior salto veio dos bens de consumo, com alta de 27%.
Para a CNI, a pressão das importações sobre o mercado interno, somada aos juros elevados, amplia a fragilidade da indústria. “Sem a contribuição do setor, fica distante a repetição do crescimento médio de 3% dos últimos três anos”, diz Alban.