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Estudo testa nova técnica para tratar insuficiência cardíaca em população brasileira

MADRI* – Novo método que está em fase de expansão na cardiologia, a estimulação fisiológica tem se mostrado uma técnica mais econômica e uma alternativa para pacientes com insuficiência cardíaca — doença que faz com que o coração fique dilatado e não consiga bombear o sangue de forma adequada — que não respondem aos medicamentos. Diante desse quadro, um grupo de pesquisadores do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre (RS), resolveu comparar o tratamento convencional e a abordagem para avaliar a viabilidade de adoção da nova proposta, bem como compreender o funcionamento dela em diferentes populações, algo possível graças à diversidade do país. A investigação foi apresentada na reunião anual da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC, na sigla em inglês), evento que se encerrou nesta segunda-feira, 1º, e reuniu mais de 30 mil especialistas em Madri, na Espanha.

Pacientes com insuficiência cardíaca podem ser tratados com medicamentos. No entanto, alguns não respondem como o esperado e necessitam da terapia de ressincronização cardíaca, quando é implantando um dispositivo parecido com um marcapasso nos dois lados do órgão para regular os batimentos cardíacos. É um procedimento consolidado como eficaz, mas ainda caro.

A estimulação fisiológica, por sua vez, faz essa função com a instalação em apenas no ponto do coração onde há falha no sistema de condução elétrica do órgão. O método é cerca de R$ 17 mil mais barato do que o tradicional por paciente.

O estudo PhysioSync-HF, realizado com o apoio do Ministério da Saúde por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), avaliou 173 pacientes de 14 cidades, dos quais 90% eram do SUS, que foram acompanhados por 12 meses. Para garantir diversidade, foram incluídos pacientes de todas as regiões do país, dos quais 50% eram mulheres e 60% dos voluntários eram negros, pardos e indígenas. No Brasil, há cerca de 2 milhões de pessoas que vivem com a doença.

Medicina personalizada

A análise indicou que os desfechos cardíacos ainda são melhores com a ressincronização tradicional, tendo em vista que os resultados em de modo que os cardiologistas terão de avaliar caso a caso ao longo da consolidação da nova técnica, fortalecendo o conceito de medicina personalizada.

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“Ao contrário da nossa expectativa, o marcapasso ressincronizador tradicional foi superior ao fisiológico nesses pacientes. O novo tratamento resultou em mais mortes, mais internações e uma menor melhora do desempenho cardíaco de modo geral. Clinicamente, ele não foi tão bom quanto o tradicional”, diz o cardiologista André Zimerman, head da Unidade de Ensaios Clínicos do Hospital Moinhos de Vento.

Isso não quer dizer que a nova terapia não possa ser adotada. “É muito importante ressaltar que os dois grupos foram muito bem. Todos os pacientes melhoraram a função cardíaca, a capacidade física, caminharam mais, se sentiram melhor e os exames melhoraram nos dois braços. No entanto, a melhora no tratamento novo foi atenuada em relação à melhora no tratamento tradicional. Então, do ponto de vista clínico, o ressincronizador tradicional segue como a primeira escolha”, explica Zimerman, que é um dos autores do estudo.

A pesquisa entra no debate sobre a importância de realizar testes locais antes de adotar um tipo de tratamento antes de seguir evidências de outros países com características diferentes.

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“Encontramos resultados que foram um pouco contra a tendência dos estudos internacionais. Nossa população é diferente das populações de outros estudos. Incluímos pacientes com doença de Chagas, além de grande diversidade étnica e racial: brancos, pardos, negros, indígenas. Nossos pacientes frequentemente chegam um pouco mais tarde ao sistema de saúde, com a doença mais avançada e o coração mais dilatado do que o usual”, diz o pesquisador. “Talvez nessa população, com toda essa diversidade e características próprias, os resultados sejam diferentes do resto do mundo, o que reforça a importância de termos nossas próprias pesquisas para saber se as intervenções feitas em outros lugares se aplicam à nossa realidade.”

* A repórter viajou a convite da Novo Nordisk

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