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Áudio vazado e suspeita de corrupção e propina: entenda as acusações contra irmã de Milei

Uma sombra paira sobre a Casa Rosada. Enquanto o presidente Javier Milei navega por suas controversas medidas para enxugar a máquina pública com sucesso moderado e seu partido, o Liberdade Avança, desponta como favorito nas eleições legislativas de outubro, um escândalo contaminou o governo na última semana. As investigações estão em seus estágios iniciais, mas acusações, que envolvem propina e corrupção, são graves por implicarem diretamente a irmã do líder da Argentina, Karina Milei, secretária-geral da Presidência.

O epicentro da denúncia é a Agência Nacional para a Deficiência (Andis), que foi chefiada por Diego Spagnuolo até poucos dias atrás, quando foi destituído em meio à polêmica. Agentes privados também foram acusados ​​de supostamente abocanhar grande parte do mercado de medicamentos em troca de pagamentos a funcionários do governo.

O gatilho foi o vazamento de gravações de áudio nas quais uma voz, atribuída a Spagnuolo, detalha um suposto sistema de retorno de 8% sobre a compra de medicamentos. As gravações apontam Eduardo “Lule” Menem, assessor presidencial, como o suposto organizador do esquema e mencionam Karina Milei como a suposta destinatária de 3% das propinas. A resposta do governo foi exonerar Spagnuolo “preventivamente”, intervir na Andis por 180 dias e nomear um auditor, Alejandro Vilches.

Na esfera judicial, a investigação está sendo conduzida pelo promotor Franco Picardi, que ordenou 15 buscas e apreensão de US$ 266 mil (quase R$ 1,5 milhão) em poder do empresário Emmanuel Kovalivker, diretor da farmacêutica Suizo Argentina.

Os áudios vazados

Nas gravações divulgadas pela mídia argentina, uma voz, que se acredita ser a de Spagnuolo, conta a uma pessoa não identificada sobre um suposto desfalque na Andis. Os áudios apontam Lule Menem como o responsável por organizar um esquema de propina para a compra de medicamentos. Reportagens detalham um suposto aumento na “comissão” das vendas de certas farmacêuticas para os políticos beneficiados — de 5% para 8%.

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A disseminação do material de origem ilegal gerou uma crise imediata dentro do governo, uma vez que os áudios indicam a concessão de contratos estatais multimilionários a empresas em troca de suborno.

Quem é Diego Spagnuolo?

Advogado, Spagnuolo se conectou com Javier Milei nas redes sociais antes da carreira política do presidente. Ele ocupou um cargo nominal na lista para o Congresso de 2021 e atuou como seu representante em vários processos judiciais.

Milei o nomeou para chefiar a Andis assim que chegou à Casa Rosada, sem que Spagnuolo tivesse qualquer experiência anterior na área. Registros oficiais o colocam como uma das quatro pessoas com mais visitas à Quinta de Olivos, residência oficial do presidente da Argentina, no segundo semestre de 2024.

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A investigação

Um processo foi iniciado a partir de uma denúncia do advogado Gregorio Dalbón. Em uma das operações ordenadas pelo Ministério Público, o empresário Emmanuel Kovalivker, diretor da Suizo Argentina, foi flagrado tentando sair de sua casa em Nordelta com dinheiro e documentos contendo anotações.

As autoridades também apreenderam o celular de Spagnuolo. De acordo com a gravação atribuída a ele, a Suizo Argentina era responsável por coletar as supostas propinas de outros fornecedores para entregá-las às autoridades.

Contratos da Suizo Argentina com o Estado

A Suizo Argentina SA, mencionada em um dos áudios atribuídos a Spagnuolo, multiplicou seus negócios com o Estado no último ano: passou de contratos assinados no valor de US$ 3,898 bilhões em 2024 para US$ 108,299 bilhões até agora neste ano.

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Ou seja, é um salto de 2.678% nos contratos públicos conquistados pela empresa. Os números são provenientes das licitações públicas e privadas originais e dos contratos diretos obtidos pela empresa, que estão disponíveis no site oficial do Compr.Ar.

A empresa presta serviços de armazenamento e logística para medicamentos e produtos de saúde, entre outros, e é líder no setor farmacêutico. Como parte da investigação iniciada após a eclosão do caso, o Ministério da Justiça realizou buscas na residência de seus funcionários na última sexta-feira.

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