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Ataques ucranianos a refinarias de petróleo forçam Rússia a racionar combustível

A Rússia estabeleceu o racionamento de combustível em diferentes regiões do país nesta terça-feira, 26, devido à crise de abastecimento provocada pelos ataques de drones coordenados pela Ucrânia contra refinarias. Segundo informações do jornal americano The Wall Street Journal, 13% da produção de combustível do país foi interrompida devido às ofensivas de Kiev.

O controle da distribuição justo na época em que Moscou registra aumento no número de viagens rodoviárias no país, consequência das férias no verão europeu e das frequentes interrupções nos aeroportos e nas redes ferroviárias. Regiões como a Crimeia (ocupada pela Rússia desde 2014) e a Sibéria implementaram racionamento em postos de gasolina. Onde o combustível segue disponível, os preços dispararam, com aumentos de até 45% registrados até o momento.

Mais de uma dúzia de instalações na Rússia foram atingidas no último mês, após uma mudança na postura ucraniana, que passou a mirar a infraestrutura russa de petróleo e gás destinada à exportação. Recentemente, o terminal de gás da cidade portuária de Ust-Luga, no Mar Báltico, pegou fogo após ataques de drones ucranianos — cujo número e capacidade se amplificaram recentemente.

“A Ucrânia agora pode realizar ataques contínuos. Uma vez reparadas as consequências de um ataque, outro se segue. E se a Ucrânia conseguir manter essa pressão e danificar as refinarias com mais frequência do que a Rússia consegue repará-las, a situação será completamente diferente”, disse o ex-chefe de estratégia e inovação da petrolífera russa Gazprom Neft, Sergey Vakulenko.

O cenário pode ajudar Kiev a obter melhores condições na negociação com Moscou, num momento em que os Estados Unidos pressionam pelo fim da guerra majoritariamente por meio de concessões ucranianas.

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Recentemente, a Casa Branca restringiu o uso de determinados armamentos americanos em ataques a território russo. No entanto, o crescimento da indústria de drones no país permite que as restrições não sejam um empecilho para ofensivas do tipo. “Isso mostra que, embora dependamos de nossos parceiros, também desenvolvemos nossas próprias capacidades, nossas próprias cartas e temos autonomia”, afirmou o pesquisador do Instituto Nacional de Estudos Estratégicos da Ucrânia, Mykola Bielieskov.

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Impacto econômico

Os impactos dos ataques ucranianos para a economia da Rússia são amplificados pelas sanções ocidentais decorrentes da guerra na Ucrânia, que dificultam os reparos das infraestruturas danificadas e a manutenção daquelas que estão de pé. Kiev vem atacando refinarias russas há dois anos, em uma estratégia que busca resultados para além da esfera militar.

“Esses ataques não afetam diretamente a atividade militar, mas afetam a economia russa. E a economia russa já está em dificuldades, então mesmo um pequeno empurrão pode criar gargalos e multiplicar os problemas dentro desse sistema”, declarou o ex-ministro das Relações Exteriores ucraniano Pavlo Klimkin.

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O regime de Vladimir Putin vem tendo sucesso em evitar que as restrições ocidentais causem um impacto profundo no país, mas a economia de guerra depende muito das exportações de petróleo gás e combustíveis. Além de sofrer com os ataques, o setor também é ameaçado pelas “tarifas secundárias” dos Estados Unidos a países que façam negócios com Moscou, como a Índia.

Considerando a diferença de forças entre Kiev e Moscou, a escassez de combustível é um fator relevante. “A guerra moderna é uma guerra de recursos, e a Ucrânia é um Davi tentando encontrar as fraquezas de Golias”, afirmou o ex-ministro da defesa ucraniano Oleksiy Reznikov.

Ainda assim, analistas concordam que as ofensivas contra refinarias russas não serão capazes, por si só, de alterar os objetivos do Kremlin ou a estabilidade do governo Putin. “É doloroso, mas não representa uma ruptura estratégica”, disse a pesquisadora sênior do think tank Carnegie Russia Eurasia Center em Berlim, Alexandra Prokopenko.

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