Autoridades das três maiores potências da Europa, França, Reino Unido e Alemanha (grupo conhecido como E3), vão se reunir com altos funcionários do Irã para discutir a reativação das inspeções nucleares em território persa. O encontro acontecerá em Genebra, na Suíça, nesta terça-feira, 26.
Funcionários da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão ligado às Nações Unidas, vêm sendo impedidos de entrar nas instalações atômicas de Teerã para realizar inspeções desde os ataques de Israel e Estados Unidos ao país, em junho.
A medida desrespeita o acordo firmado entre o Irã e o Conselho de Segurança das Nações Unidas (mais a Alemanha) em 2015, que encerrou as sanções econômicas ao país em troca de restrições ao seu programa nuclear e a permissão de que a AIEA fizesse fiscalizações regulares.
Caso Teerã se recuse a autorizar as inspeções, o trio europeu ameaça recorrer ao mecanismo do “snapback”, uma cláusula do acordo firmado junto às Nações Unidas que permite reativar imediatamente as sanções econômicas contra o país, sem possibilidade de veto por parte dos demais membros.
Declarações recentes do E3 indicam que o grupo planeja tomar uma decisão até o final deste mês, a menos que o Irã apresente concessões que possam convencê-los a adiar a retomada das penalidades por um curto período, em uma espécie de extensão de prazo.
“Vamos ver se os iranianos são confiáveis quanto a uma extensão ou se estão apenas nos enrolando. Queremos saber se eles avançaram em relação às condições que estabelecemos para prorrogar”, afirmou um funcionário europeu à agência de notícias Reuters, que pediu anonimato para discutir o tema sensível.
Condições e resistência iraniana
As condições estabelecidas por Paris, Londres e Berlim incluem o retorno das inspeções da agência nuclear da ONU e a retomada plena das relações diplomáticas internacionais, o que inclui o diálogo com os Estados Unidos.
O Irã alega que não é seguro para os inspetores realizarem qualquer vistoria devido à destruição causada pelos ataques americanos e israelenses às suas instalações. “Devido aos danos em nossos locais nucleares, precisamos acertar um novo plano com a agência”, disse um funcionário iraniano à Reuters.
A postura levanta suspeitas junto às autoridades ocidentais, que veem a postura da República Islâmica como uma tentativa de ganhar tempo e arrastar as conversas. Nesse momento, o paradeiro do enorme estoque de urânio enriquecido do país é incerto.
Antes da ofensiva iniciada em 13 de junho, Teerã havia acumulado uma quantidade relevante de urânio com até 60% de pureza — muito próximo dos 90% necessários para a produção de armas nucleares. No entanto, ainda seria necessário mais tempo para a produção plena de uma bomba atômica.
Segundo a AIEA, não há nenhuma indicação confiável de que o Irã está desenvolvendo um projeto coordenado de armamento nuclear, mas é impossível garantir que o programa atômico do país tem fins puramente pacíficos, como Teerã sustenta.