Escolhido como relator da CPMI do INSS, o deputado federal Alfredo Gaspar (União-AL) pretende utilizar a experiência de 20 anos como promotor de Justiça em Alagoas para conduzir as investigações sobre os desvios bilionários das aposentadorias dos idosos.
Eleito pela primeira vez em 2022, o parlamentar ganhou notoriedade por sua atuação em casos emblemáticos em Alagoas. Durante o período que integrou o Ministério Público do Estado, ele investigou o assassinato de uma ex-deputada federal, conduziu um rumoroso caso de extermínio de moradores de rua e participou de várias operações contra o crime organizado.
Em 1996, como promotor, Gaspar assumiu seu primeiro caso de grande repercussão: a morte da ex-deputada federal Ceci Cunha, mãe do hoje senador Rodrigo Cunha.
A parlamentar foi assassinada a tiros, segundo o Ministério Público, a mando de seu então suplente, num episódio que ficou conhecido como a “chacina da Gruta” – em alusão ao bairro da capital alagoana onde o crime aconteceu. Os assassinos e o mandante do crime foram condenados pela Justiça.
Em 2010, Gaspar liderou uma investigação intrincada que apurava as responsabilidades por uma sequência de mortes de moradores de rua em Maceió. As autoridades locais suspeitavam que os crimes tinham sido praticados por grupos de extermínio. As investigações demonstraram, porém, que os assassinatos foram motivados por dívidas de drogas.
Ao longo de sua trajetória no Ministério Público, o relator da CPMI também foi procurador de Justiça e, em 2018, comandou o Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas, atuando em operações contra facções como o Primeiro Comando da Capital e o Comando Vermelho.
O parlamentar também foi secretário de Segurança Pública do Estado em duas ocasiões — durante o mandato de Teotônio Vilela (PSDB) e de Renan Filho (MDB), hoje ministro de Lula.
Primeiros passos
A partir desta terça-feira, 26, na primeira sessão da CPMI, Gaspar será responsável pela estratégia de investigação sobre um dos maiores escândalos de corrupção dos últimos tempos.
Hoje, ele deve apresentar o plano de trabalho da comissão e dar início à análise dos requerimentos que pretende colocar imediatamente em votação. São cerca de 35 pedidos.
Além de pedidos de informações à Polícia Federal, o parlamentar já anunciou que um dos primeiros convocados a depor será o ex-ministro Carlos Lupi, demitido dias depois da revelação da fraude que gerou prejuízos a milhares de idosos e um rombo de cerca de 4 bilhões de reais aos cofres públicos.
Aliado de Jair Bolsonaro, Gaspar assumiu a relatoria da CPMI graças a uma articulação promovida pela oposição, que tirou o controle da comissão das mãos de aliados do governo Lula.
O Planalto havia tentado emplacar o senador Omar Aziz (PSD-AM) na presidência e o deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO) na relatoria da CPMI.
Aziz, no entanto, foi derrotado pelo senador Carlos Viana (Podemos-MG). Este, por sua vez, escolheu Alfredo Gaspar para a relatoria. Com esse movimento, a oposição frustrou a estratégia do governo Lula de controlar a CPMI e assim evitar desgastes ao petista durante a investigação. A comissão funcionará por 180 dias.