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Israel rebaixa relações com Brasil, após Itamaraty ‘ignorar’ indicação de novo embaixador

O Ministério das Relações Exteriores de Israel anunciou nesta segunda-feira, 25, que irá rebaixar relações com o Brasil, citando a decisão do Itamaraty de não responder à indicação de um novo embaixador israelense em Brasília.

“Após o Brasil, excepcionalmente, se abster de responder ao pedido de agrément do embaixador (Gali) Dagan, Israel retirou o pedido, e as relações entre os países agora são conduzidas em um nível diplomático inferior”, afirmou a chancelaria israelense em comunicado, publicado pelo jornal israelense Times of Israel.

O documento afirma ainda a “linha crítica e hostil que o Brasil tem demonstrado em relação a Israel desde 7 de outubro se intensificou a partir do momento em que o presidente Lula comparou as ações de Israel às dos nazistas. Em resposta, Israel ‘o declarou persona non grata’”. 

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Israel indicou Dagan — que deixou o cargo de embaixador na Colômbia em 2024 após atrito com o presidente Gustavo Petro — para assumir o posto em Brasília em janeiro. O governo brasileiro, no entanto, ao invés de conceder o agrément, deixou o pedido em análise.

Em entrevista à TV Globo, o ex-chanceler brasileiro e assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, Celso Amorim, disse que a decisão de não responder à indicação foi uma resposta ao tratamento dado ao ex-embaixador Frederico Meyer, retirado de Tel Aviv no ano passado, e que teria sido alvo de “humilhação pública”.

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Em fevereiro do ano passado, Israel declarou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) persona non grata devido a uma fala em que acusou o Exército israelense de conduzir um genocídio em Gaza e comparar suas ações ao Holocausto contra os judeus durante o regime nazista de Adolf Hitler. Após o caso, Meyer foi chamado a dar explicações sobre a fala do Brasil e conduzido, pelo chanceler israelense, Israel Katz, a uma “visita” ao Museu do Holocausto.

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No mês passado, por sua vez, o governo brasileiro entrou formalmente em ação contra Israel na Corte Internacional de Justiça, das Nações Unidas, elevando a novo patamar as críticas do governo Lula às operações militares israelenses no território palestino. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o governo brasileiro expressa indignação em meio a recorrentes casos de violência contra a população civil na Palestina.

Em nota oficial, o Itamaraty afirmou que o país não pode permanecer “inerte diante das atrocidades em curso” e expressou “profunda indignação” com a violência sistemática contra civis palestinos. O texto cita ataques à infraestrutura civil, a instalações das Nações Unidas, a sítios religiosos, como a paróquia católica de Gaza, além de atos de vandalismo por colonos extremistas na Cisjordânia.

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Fome em Gaza

Um órgão ligado às Nações Unidas declarou oficialmente nesta sexta-feira, 22, um estado de fome generalizada em Gaza, o primeiro a afetar o Oriente Médio, depois que especialistas alertaram no mês passado que um em cada três dos 2,2 milhões de habitantes do enclave passada dias sem comer. A responsabilidade pela situação foi atribuída a Israel, que descartou a nova classificação como baseada em “mentiras do Hamas”.

Após meses de alertas sobre a situação no território devastado pela guerra, a Classificação Integrada de Segurança Alimentar (IPC), que produz o mais confiável termômetro sobre a fome, elevou sua classificação para a Fase 5 – a mais alta e grave – na Cidade de Gaza e seus arredores. O mesmo cenário deve afetar as áreas de Deir al Balah e Khan Yunis até o final de setembro.

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A classificação afirma que mais de meio milhão de pessoas na Faixa de Gaza estão enfrentando condições “catastróficas” caracterizadas por “fome, miséria e morte”. Até o final de setembro, mais de 640 mil pessoas se enquadrarão neste grupo. Enquanto isso, mais 1,14 milhão de pessoas estarão em situação de emergência (Fase 4 do IPC) e outras 396 mil, em situação de crise (Fase 3). Estima-se que as condições no norte de Gaza sejam tão graves – ou piores – quanto as da Cidade de Gaza.

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