Desde sempre, a representação política se utiliza da imagem repleta de estereótipos de poder para se fazer valer perante os súditos. Reis, ditadores, faraós e, mais recentemente, presidentes, se fazem valer da imagem que querem passar aos demais para demonstrar o poder do qual são capazes de agregar para governar seus pares. Não por acaso, mais recentemente vários exemplos de detentores do poder executivo têm surgido na mídia reforçando os valores para os quais se encarregam de perpetuar.
Em sociedades que prezam a juventude como “arma simbólica”, não são poucos os presidentes que prezam pela boa forma física com algum recado político nas entrelinhas dessas aparições. Assim, estariam mais aptos a cargos de liderança – que exigem alto grau de estresse e mobilidade para decisões assertivas. Só para ficar em exemplos recentes: Jair Bolsonaro, 70 anos, enquanto esteve presidente, gostava de reforçar seu preparo físico. No começo da pandemia, em março de 2020, chegou a dizer que seu “histórico de atleta” diminuiria sua preocupação em ser contaminado com o coronavírus.
Líderes como Lula, Emmanuel Macron e Vladimir Putin chamam atenção pelo mesmo discurso do condicionamento. O petista, de 79 anos, recentemente publicou um vídeo correndo em uma das rampas do Palácio do Planalto, ao som da icônica música de Rocky Balboa. No registro, Lula acena para o público e mostra boa disposição física, em clima descontraído. Já o presidente francês, 47 anos, foi fotografado em um dia de descanso, sem camisa, em um passeio de jet ski. A barriga tanquinho recebeu comentários. “Para sua idade e profissão, a forma física de Macron não é nada ruim”, disse um usuário do X.
Até o líder russo, 72 anos, em meio a uma guerra com a Ucrânia, usa da imagem de atleta viril como tática para a nação. Putin abusa de fotos em que mostra a sua virilidade, masculinidade e expertise em alguns esportes. Os registros pescando, pilotando barcos ou cavalgando com o dorso nu foram parar em estampas de caneca, camisetas e outros souvenirs em seu país. Imagem é tudo – e ultrapassa a barreira da língua.
Em tempos de redes sociais, quando exibições como estas recebem o jocoso nome de “biscoitagem”, não resta dúvidas de que, nestes casos, a selfie não é só por likes e o alcance vai muito além do engajamento digital. Tudo é política. Até a barriga tanquinho.