O cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest, descobriu ao analisar a nova rodada divulgada do instituto de pesquisa divulgado nesta semana que a queda da inflação dos alimentos foi mais importante que o tarifaço na recuperação da imagem do presidente Lula.
Na lista dos maiores especialistas em eleições majoritárias do país, Nunes afirmou, no programa Três Poderes, de VEJA, que a equipe da Quaest passou um tempo grande estudando e investigando justamente a resposta para essa questão.
“E o que a gente descobriu? Se eu pudesse dar peso para a relação de cada efeito, 60% da recuperação do governo advém da queda no preço dos alimentos, a maior percepção positiva sobre o preço no supermercado. E 40% é o tarifaço”, explicou o cientista político.
Ele deu a declaração ao responder a seguinte pergunta feita por este colunista: a inflação dos alimentos caiu, ajudando muito o governo e nós sabemos que isso sempre fez diferença nas eleições, mas teve esse discurso nacionalista que foi dado de bandeja por Eduardo Bolsonaro, Jair Bolsonaro, toda a cúpula da extrema-direita pra Lula. Na sua visão, como especialista, olhando os números, o que influenciou mais nesse caso da recuperação da popularidade do presidente Lula?
Leia a íntegra da resposta do cientista político abaixo:
“Essa é uma das perguntas que a gente gastou um tempo grande essa semana estudando e investigando. O que a gente descobriu? Se eu pudesse dar peso para a relação de cada efeito, 60% da recuperação do governo advém da queda no preço dos alimentos, uma maior percepção positiva sobre o preço no supermercado. E 40% é do tarifaço. Isso não quer dizer que eu estou diminuindo a importância relativa do tarifaço? Não. É só que, de março para julho, o principal efeito foi o tarifaço. Na pesquisa anterior, a recuperação número um do Lula veio principalmente do tarifaço. Na divulga nesta semana a recuperação vem mais da economia. Como é que eu documento isso, Matheus? De março a julho, avaliamos os setores da sociedade que melhoraram foram os setores médios do sudeste com a escolaridade, exatamente o público mais afetado por temas como o tarifaço, democracia e toda essa dinâmica da soberania nacional. De junho para julho, a grande recuperação do governo aconteceu com renda baixa no nordeste beneficiada pelo Bolsa Família, que é o público mais afetado não pela dinâmica da soberania, mas pela dinâmica da economia. Então acho que o mês passado foi mais sobre o tarifaço. Esse mês é mais sobre a economia, mas claro são efeitos combinados que se somam e que vão funcionando como vento a favor do governo e o Lula está conseguindo pegar e carona nesse vento. E de fato melhorar não só sua popularidade, mas também o desempenho eleitoral contra todos os nomes que estão se apresentando à oposição”.
