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Como os bolsonaristas impuseram uma derrota dolorida ao governo Lula

Escândalos no INSS não são novidade. Em 1991, a própria VEJA estampou em sua capa denúncias de corrupção na Previdência no governo Collor. Mais de trinta anos depois, a história se repete, agora com um escândalo bilionário que já produziu a primeira grande derrota do governo Lula no Congresso.

Na quarta-feira, 20, o Planalto apostava em Omar Aziz para presidir a CPMI. Perdeu por 17 a 14 para Carlos Viana, senador do Podemos de Minas, que classificou como “vergonhoso” o desvio de recursos que afetou milhões de aposentados e prometeu “a punição dos culpados”, como mostrou a coluna Radar.

Viana rejeitou a indicação de Hugo Motta e entregou a relatoria ao bolsonarista Alfredo Gaspar, como destacou Isabella Alonso Panho no Giro VEJA.

A crise tem raízes conhecidas. Em abril, esta coluna informou que o então ministro da Previdência, Carlos Lupi, admitiu saber das fraudes desde janeiro de 2023 e nada fez até a PF deflagrar a operação quase dois anos depois. “No governo, tudo é demorado”, disse, irritando Lula e assessores, mas se mantendo no cargo por fragilidade política às vésperas da eleição de 2026.

Poucos dias depois, mostramos que um relatório de 52 páginas já detalhava, em setembro de 2024, como sindicatos fraudavam aposentados. Ainda assim, a ordem para suspender os descontos só veio depois da operação da PF. Parte do governo classificou como “inaceitável” e viu no episódio um escândalo capaz de carimbar a ineficiência da quinta gestão petista.

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Esse histórico agora virou munição para a oposição. A CPMI já acumula 53 requerimentos de convocações e quebras de sigilo, incluindo de Lupi e de Alessandro Stefanutto, ex-presidente do INSS.

Entre os alvos das futuras convocações, a oposição já fala em ouvir Frei Chico, irmão de Lula, por ligação com entidades sindicais envolvidas.

O senador Ciro Nogueira comemorou a vitória e comparou a fraude a “falsificar remédio para câncer”. Para ele, “quem roubou aposentado não merece perdão” — e “99% dos envolvidos estão ligados à esquerda”, declarou em entrevista registrada por Marcela Rahal.

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No Planalto, governistas admitem que a liderança no Congresso não foi a único responsável. Lula e sua equipe estavam concentrados na crise diplomática com Donald Trump e negligenciaram a CPMI, enquanto a oposição agiu em silêncio e virou o jogo, como apurou Marcelo Ribeiro na coluna Radar.

O ministro da Previdência, Wolney Queiroz, reconheceu em reunião com o presidente da Câmara, Hugo Motta, que houve “péssima articulação” e prometeu entregar todas as informações à comissão — acrescentando que o governo apoiará um projeto que endurece as regras para evitar novas fraudes, segundo revelou também Marcelo Ribeiro.

Para piorar, a derrota na CPMI não veio sozinha. No mesmo dia, a oposição também conseguiu emplacar a volta do voto impresso no Código Eleitoral, como registrou Isabella Alonso Panho, numa segunda vitória que acendeu ainda mais o alerta no Planalto.

A CPMI do INSS, portanto, não é apenas sobre um escândalo bilionário de fraudes contra aposentados. Ela se transformou no palco mais ruidoso do desgaste político de Lula: perder a narrativa e o controle, e no mesmo dia sofrer derrotas em duas frentes distintas no Congresso.

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