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Direita, volver: a onda conservadora na Bolívia

Mesmo sem conhecer ainda o nome que ocupará a cadeira presidencial, a Bolívia entrou, no último domingo, 17, para o rol dos países latino-americanos varridos pela onda conservadora, que domina países como Argentina, Peru, Paraguai e Equador. Dois candidatos de direita duelarão no segundo turno, previsto para 19 de outubro. Quem saiu na dianteira foi Rodrigo Paz Pereira, 57 anos, do Partido Democrata Cristão, com um terço dos votos, à frente de Jorge Quiroga, da Aliança Livre. Logo após ser surpreendido com o resultado, Pereira, que oscilava entre o terceiro e o quinto lugar nas pesquisas, se dirigiu à multidão reunida na capital, La Paz, para bradar: “Quero mudança!”. A derrota antecipada da esquerda, que em duas décadas nunca havia perdido um páreo, é fruto de uma severa crise econômica, decorrente de uma política insustentável de subsídios do governo, que importa produtos básicos, como combustíveis e farinha de trigo, para revendê-los abaixo da tabela no mercado interno. Mesmo vendo as exportações de gás natural, o principal ganha-pão boliviano, caírem ano a ano, o atual ocupante do Palácio Quemado, Luis Arce, manteve a medida na esperança de recuperar a baixíssima popularidade. Resultado: a maior inflação desde 2008, escassez de dólares e enormes filas nas padarias e postos de gasolina. Compreensivelmente, o candidato de Arce, apedrejado no dia da votação, não decolou, e ainda travou guerra com o ex-aliado Evo Morales, que tinha planos de um quarto mandato, mas, acusado de abusar de uma menor de idade, foi impedido pela Justiça. Refugiado em uma casa no meio da floresta, Evo pregou o voto nulo. Agora é ver o que o movimento pendular, que aponta para a direita, reserva ao futuro do castigado país.

Publicado em VEJA de 22 de agosto de 2025, edição nº 2958

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