Um dia após uma impactante derrota do governo no Congresso e em uma semana em que o presidente da Câmara, Hugo Motta, se reuniu com o presidente Lula dois dias seguidos, o requerimento de urgência da reforma do imposto de renda, que estava pronto para ser votado há semanas, finalmente foi apreciado no plenário da Casa.
O resultado favorável faz com quem a medida, relatada por Arthur Lira, ex-chefe da Câmara, possa ter seu mérito votado imediatamente. A expectativa é que o tema seja incluído na pauta da próxima semana.
Mas o que os aliados de primeira hora de Motta acharam de sua decisão de pautar a urgência para esta quinta-feira, dia em que o plenário fica esvaziado e tende a analisar temas de menor relevância?
Interlocutores do paraibano avaliam que, ao colocar a urgência em votação, Motta mostrou quem manda na pauta e enviou recados de que acordos que não passam por ele não precisam ser cumpridos.
De acordo com pessoas próximas de Motta, Lira vinha sinalizando não ter pressa para votar a reforma do IR. Fontes do centrão apontavam que essa seria uma estratégia do alagoano para se empoderar ainda mais nas negociações com o governo Lula para as eleições de 2026
Nas conversas que teve com Lula, Motta ouviu mais de uma vez que a reforma era prioridade máxima do Palácio do Planalto. O petista pediu que o texto fosse pautado logo.
Além de atender aos apelos de Lula e deixar claro que é ele quem tem a prerrogativa de pautar, o presidente da Câmara teria optado por fazer a votação, de acordo com fontes, para mostrar que, se o acordo não for costurado com ele, nenhum texto terá a pauta como único destino. Seria uma referência ao suposto acordo celebrado entre Lira, líderes de oposição e centro de votar as propostas de emenda constitucional do fim do foro e das prerrogativas e, assim, encerrar o motim do plenário iniciado em reação a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro.