O indiciamento de Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro pela Polícia Federal nesta quarta-feira, 20, e a divulgação de áudios recuperados no celular do ex-presidente, revelam, de forma irrefutável, a tentativa de coação no curso do processo da trama golpista.
Como afirmado pela coluna, complica ainda mais a situação do ex-presidente às vésperas do julgamento mais importante da história do Supremo Tribunal Federal: o caso da primeira tentativa de golpe desde a redemocratização.
Mas há também outro desgaste político nas gravações a ser contabilizado.
O ex-presidente, o filho Zero Dois e Silas Malafaia — “pastor” que transforma púlpito em palanque há décadas no Brasil — se tratam com um desrespeito tão grande, mas tão grande, que só pode ser definido de uma forma: hipocrisia.
É “VTNC” de filho para pai para lá, “Ingrato do caralho” para cá, “babaca” e “vou arrebentar com ele” para acolá que demonstram um descaso absurdo com a família.
Bolsonaro, seus filhos e até o próprio Malafaia cresceram politicamente no Brasil com um discurso pautado essencialmente na defesa da família e o uso da religião. Que família é essa que se xinga o tempo todo, com desrespeito aos mais velhos? Que “pastor” é esse desbocado, que transpira ira o tempo todo?
As conversas encontradas no telefone do ex-presidente são destruidoras em relação à moral e aos bons costumes pregados pela família Bolsonaro e o líder religioso. O discurso deles é jogado na lama.
Meu avô Uriel de Almeida Leitão, um pastor (sem aspas), ensinou outros valores. Eram completamente diferentes. Os mais velhos são tratados com enorme respeito, não se xinga pai sob nenhuma hipótese e o cristão é uma pessoa que transmite os frutos do espírito, entre elas mansidão, paz e paciência.
Nenhuma das características acima é encontrada nos três. Em uma das injurias que o “pastor” fez contra este colunista em postagens na internet, respondi a Malafaia citando Uriel. Fica cada vez mais claro quem é pastor e quem é charlatão.