O presidente da Assembleia do Rio, Rodrigo Bacellar (União), se reuniu na tarde desta quinta-feira, 21, com deputados estaduais da esquerda à direita em um tradicional restaurante no Centro do Rio para alinhar a votação dos próximos projetos na Casa. Na lista, está o pacote de matérias prioritárias para o governo do estado, enviado na semana passada pelo governador Claudio Castro (PL). Aliados nos últimos anos, os dois estão rompidos depois de Bacellar assumir a cadeira do mandatário interinamente e exonerar um de seus secretários sem seu aval.
A reunião, de acordo com um dos parlamentares presentes, foi feita para reafirmar uma unidade entre os deputados e para projetar os próximos passos quanto aos projetos enviados por Castro. Dentre eles, estão um pacote fiscal, que inclui um programa de refinanciamento para contribuintes com dívidas ativas e um leilão de imóveis públicos, ambos tratados como cruciais para a sobrevivência econômica do estado; e um pacote de segurança pública, que prevê entre outras medidas o endurecimento das regras para as “saidinhas” de presos, o fim da visita íntima nos presídios e a instalação de câmeras de monitoramento em locais públicos.

No entorno do governador do Rio, a ideia é que tais projetos ajudem a consolidar a “marca” e o “legado” de Castro em seu segundo mandato, já de olho em sua provável candidatura ao Senado no ano que vem. A relação desgastada entre ele e Bacellar, contudo, tem sido motivo de tensão pelo desfecho do pacote na Alerj.
Em julho, enquanto Castro viajava, Bacellar assumiu como interino e exonerou o secretário estadual de Transportes, Washington Reis (MDB), pressionado pelos deputados estaduais. Pego de surpresa, o governador teve de usar as semanas seguintes para apagar o incêndio, com acenos tanto a Reis, quanto à família Bolsonaro, próxima do político do MDB. A manobra isolou Bacellar, que deixou de ser tratado por Castro como “candidato natural à sua sucessão”. Mas reforçou o apoio do presidente da Alerj entre seus pares.
De acordo com aliados do deputado estadual, a tendência é que os projetos de Castro sejam votados nos próximos dias, já que são considerados importantes para o estado do Rio. Resta saber, no entanto, se serão aprovados com facilidade. O primeiro recado foi dado ao governador ainda no início da semana: as medidas foram publicadas oficialmente pelo Legislativo apenas cinco dias depois do seu envio à Casa, no limite do prazo máximo.