Uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada nesta quarta-feira, 20, revelou que 58% dos americanos acreditam que todos os países das Nações Unidas, incluindo os Estados Unidos, deveriam reconhecer a Palestina como Estado. O dado veio à tona enquanto uma onda de países anuncia que vai oficializar o entendimento de territórios palestinos como país, uma forma de pressão a Israel em meio à catástrofe humanitária que tomou conta de Gaza desde o início da guerra com o Hamas, há quase dois anos.
O levantamento, realizado com base em entrevistas com 4.446 adultos nos Estados Unidos, mostrou que apenas 33% dos entrevistados discordam do reconhecimento, enquanto outros 9% não souberam responder.
O resultado também expõe uma clara divisão partidária. Enquanto impressionante 78% dos democratas apoiam a medida, 41% dos republicanos concordam com a ideia. Mais da metade dos eleitores ligados ao partido do presidente Donald Trump se posicionou de forma contrária ao reconhecimento.
A pesquisa foi divulgada semanas depois de aliados próximos dos Estados Unidos — Canadá, Reino Unido e França — anunciarem a intenção de reconhecer oficialmente a Palestina, aumentando a pressão diplomática sobre Israel. O país enfrenta críticas da comunidade internacional e de organizações humanitárias pela aprovação de um novo plano de assentamentos na Cisjordânia que, segundo o ministro das Finanças israelense, Bezazel Smotrich, vai “enterrar” a ideia de um Estado palestino, e devido a uma nova ofensiva para tomar controle total da Cidade de Gaza, no norte do enclave.
O levantamento mostrou ainda que 59% dos americanos consideram “desproporcional” a resposta militar de Israel ao ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que deu início à guerra; outros 33% discordam da afirmação. Em fevereiro do ano passado, a parcela dos que viam exagero era seis pontos percentuais mais baixa — 53%. Além disso, hoje dois terços dos americanos defendem que os Estados Unidos ajudem no combate à fome em Gaza.
Segundo autoridades locais, a ofensiva israelense em Gaza já deixou mais de 62 mil palestinos mortos desde outubro de 2023, além de ter deslocado a maior parte da população e gerado uma crise em que um em cada três dos 2,2 milhões de palestinos estão famintos, segundo a ONU.
