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A boa notícia para o Mercosul após telefonema entre Lula e Macron

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou por telefone nesta quarta-feira, 20, com seu homólogo francês, Emmanuel Macron, para discutir o acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia à luz da enxurrada de tarifas promovida ao redor do mundo pelo líder dos Estados Unidos, Donald Trump. Embora tudo indique que o “tarifaço” deve prejudicar a economia global, com economistas alertando para risco de recessão, é inegável que abriu oportunidades enquanto países rebolam para diversificar parceiros comerciais e escapar das sobretaxas.

Na ligação, Lula expressou oposição às tarifas sobre produtos brasileiros, que disse terem se tornado um instrumento de “uso político”. Trump impôs uma alíquota de 50%, das maiores do tarifaço apesar dos Estados Unidos terem superávit na balança comercial, a milhares de mercadorias importadas do Brasil, alegando “risco à segurança nacional” devido ao que caracteriza de maneira infundada como abusos da Justiça e falta de liberdade de expressão no país. Ele afirmou especificamente que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) no caso da trama golpista, é uma “caça às bruxas”.

Contra isso, o Brasil acionou os Estados Unidos na Organização Mundial no Comércio (OMC) e “continuará trabalhando para concluir novos acordos comerciais e abrir mercados para a produção nacional”, disse um comunicado do Planalto.

“Macron e Lula comprometeram-se a ultimar o diálogo com vistas à assinatura do acordo Mercosul-União Europeia ainda neste semestre, durante a presidência brasileira do bloco”, afirmou o texto.

Em publicação no X, o presidente francês reagiu com mais abertura do que no passado, embora siga cauteloso. Ele afirmou ter reiterado a Lula sua disposição para um acordo “ambicioso” entre os blocos europeu e sul-americano, “desde que proteja os interesses da nossa agricultura francesa e europeia e sirva às nossas respectivas economias”.

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“Também conversamos longamente sobre questões econômicas, em particular tarifas, bem como sobre nossa cooperação bilateral nas áreas de defesa e transporte”, acrescentou Macron.

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Em junho, durante visita de Estado a Paris, Lula já havia pedido que o mandatário francês “abra o coração” e dê apoio ao acordo de livre-comércio, dizendo a Macron que “não deixaria a presidência do Mercosul sem concluir o acordo com a União Europeia”. Ao longo da viagem, a diplomacia brasileira também marcou sua posição crítica à nova lei de desmatamento da União Europeia, que entra em vigor em dezembro. Sob a legislação, países do bloco estarão proibidos de importar produtos agrícolas, dentro das commodities estabelecidas, vindos de áreas desmatadas, o que reduziria o escopo de um acordo com o Mercosul caso seja promulgado. O documento é visto pelo Itamaraty como uma medida “unilateral e discriminatória” que desconsidera esforços nacionais para preservação de áreas florestais.

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França e acordo Mercosul-UE

A França se opõe ao acordo Mercosul-UE em sua forma atual, seguindo o texto anunciado oficialmente em dezembro passado, após reunião de líderes dos dois blocos em Montevidéu, no Uruguai. Negociado há mais de duas décadas, o acordo passa agora pelo processo de preparação para assinatura. Quando assinado, o acordo cria a maior zona de livre-comércio do mundo, abrangendo 780 milhões de pessoas, com um PIB somado de mais de US$ 22 trilhões.

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As negociações, louvadas pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, como uma “vitória para a Europa”, encontraram forte resistência da França, que receia que as importações agrícolas vindas da América do Sul impactem negativamente os fazendeiros do país. As ressalvas francesas, no entanto, são criticadas pelos membros do bloco sul-americano (Argentina, Brasil, Bolívia, Paraguai e Uruguai) como forma de protecionismo europeu.

Para barrar o acordo, é necessário que ao menos três países da União Europeia que representem mais de 35% da população formem uma minoria. A França teve apoio da Polônia (a Itália também demonstrou preocupações, mas com menos veemência).

Em contrapartida, uma coalizão de 11 Estados-membros do bloco europeu se colocou a favor do acordo, sob a liderança da Alemanha e Espanha, que pregam a formação de novas rotas comerciais para reduzir a dependência da China e a fim de criar alternativas ao oneroso tarifaço de Trump.

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