O ex-ministro da Fazenda e ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) marcou presença no evento que oficializou a federação partidária entre o União Brasil e o Progressistas nesta terça-feira, 19, e foi elogiado pelo presidente do PP, Ciro Nogueira. Apesar de estarem se aproximando, os dois ocupam espaços de liderança em lados opostos da política, Nogueira na direita e Gomes, mais à esquerda.
“Vocês não têm ideia da minha alegria de ver todos esses grandes líderes [aqui no evento]. Ver de volta ao nosso lado Ciro Gomes. Eu que já votei em você para presidente, meu xará, você vai ser muito importante, comigo e outros líderes do Nordeste, para nós enfrentarmos a mentira do PT no Nordeste brasileiro, que só nos trouxe atraso”, disse Nogueira durante seu discurso.
Ciro Gomes também foi destaque nesta terça por causa da repercussão de um vídeo gravado na última sexta-feira, 15, no qual ele aparece criticando duramente o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), e o ministro da Educação, Camilo Santana, também filiado ao PT.
Gomes está de malas prontas para o PSDB e deve disputar o governo cearense em 2026. Se tiver o apoio do União Brasil e do PP, ele poderá representar uma frente ampla de oposição contra o PT.
Ele também foi convidado a discursar no evento da federação dos dois partidos, quando ressaltou que, para ele, a união dos dois grupos representa uma possibilidade de derrotar a polarização existente entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). “Vocês excelências, Antônio Rueda e Ciro Nogueira, estão dando hoje um sinal de que nem tudo está perdido. É possível perfeitamente que ao redor desse ato histórico — por isso eu quis vir testemunhá-lo, de fazer essa visita de cortesia, de dar o meu abraço, mas é fundamentalmente um apelo: façam desse gesto um ato de gravitação universal, ou seja, chamem tudo o que o brasileiro pode oferecer, do centro-esquerda até a centro-direita, para nós tirarmos o Brasil desse desastre [em que está hoje por causa da polarização entre Lula e Bolsonaro]”, disse.
Do outro lado, no entanto, Ciro Nogueira, que é ex-ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro, avaliou a possibilidade da federação não ter um candidato próprio à Presidência do Brasil em 2026, apontando que a questão anda está em aberto na federação, mesmo que, oficialmente, o União Brasil tenha o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, como pré-candidato.
“Podemos escrever o futuro e virar a página do passado. Essa é uma das maiores missões da federação União Progressista, fazer a transição do atraso de uma esquerda que se esgotou para levar o Brasil a um destino ao qual ele nunca pode se perder. Política é um organismo. Se a política é um corpo, nós temos grandes nomes, mas talvez não seja a hora de sermos a cabeça, não seremos também os braços, coordenados a estar em um extremo ou outro. A União Progressista nasceu para ser a espinha dorsal da democracia brasileira, para ser forte, capilarizada e dar sustentação (…) A partir de agora, inevitavelmente, o Brasil passa por aqui”, analisou Nogueira.