O Ministério Público de São Paulo denunciou o policial militar Fabio Anderson Pereira de Almeida, 35, à Justiça pelo crime de homicídio doloso (quando há intenção de matar) com motivo torpe e impedimento de defesa da vítima no caso em que ele disparou três vezes conta o marceneiro Guilherme Dias Santos Ferreira, que estava saindo do trabalho na estrada Ecoturística de Parelheiros, na zona sul da capital, no início de julho, e corria para pegar um ônibus e ir para casa. O MP também solicitou a prisão preventiva do PM.
No documento, o Ministério Público, com base em imagens de câmeras de segurança, afirma que o policial atirou na vítima pelas costas, tendo um dos tiros acertado a cabeça, provocando a morte por traumatismo cranioencefálico.
Até o momento, o PM estava afastado de suas funções e cumpria atividades administrativas na corporação, após pagar fiança e ser liberado. No entanto, o promotor Everton Luiz Zanella, que assina a denúncia, pede a cassação da fiança: “Incorretamente aplicada pela autoridade policial, pois é óbvio, desde o início, que a conduta é dolosa e jamais culposa”.
Além disso, o promotor também pede a prisão preventiva do policial, argumentando que sua liberdade põe o caso em risco. Segundo Zanella, testemunhas do caso teriam sido coagidas a mentir em depoimento em um primeiro momento por medo do policial. Entre elas uma segunda vítima, Millena Sousa Vieira, também atingida por um disparo.
“O denunciado praticou crime gravíssimo, de natureza hedionda – homicídio qualificado consumado, com emprego de arma de fogo. Trata-se de um policial militar que, demonstrando total descompasso com sua honrada função pública, matou, pelas costas, um trabalhador (Guilherme) que corria para pegar um ônibus, simplesmente por acreditar que ele poderia ser um roubador. O denunciado, de forma completamente desarrazoada e injustificável, disparou 3 vezes e, além de atingir a vítima visada, também acertou terceira pessoa (Millena), colocando várias outras em perigo, notadamente os transeuntes da via pública. A conduta é completamente inaceitável, eivada de torpeza e caraterizada pela existência de recurso que impediu a reação do ofendido”, diz a denúncia do MP.
Relembre o caso
Em um dia de folga, o policial militar Fabio Anderson Pereira de Almeida sofreu uma tentativa de assalto, mas reagiu, fazendo os criminosos fugirem. No entanto, pouco depois da situação, ele viu o marceneiro Guilherme Dias Santos Ferreira correndo para pegar um ônibus, acreditou ser um dos bandidos e disparou três tiros contra ele, pelas costas.
O caso aconteceu por volta das 22h30, na zona sul de São Paulo, quando o marceneiro, após fazer horas extras no trabalho, voltava para casa. Ele morreu no local logo após um dos disparos acertar sua cabeça. Junto do corpo dele foram encontrados celular, carteira, uma bíblia, um recipiente de marmita e remédios.
O policial militar foi preso em flagrante por homicídio culposo (quando não há a intenção de matar) na mesma noite, mas pagou fiança de 6.500 reais e aguardava o inquérito em liberdade, de acordando com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Ele foi afastado das atividades operacionais.