O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira, 15, que caberá à Ucrânia decidir que território irá negociar para chegar a um acordo de paz com a Rússia. O comentário foi feito a bordo do Air Force One, o avião presidencial que o leva para Anchorage, no Alasca, para sua cúpula com o líder russo, Vladimir Putin, marcada para as 11h30 locais (16h30 em Brasília). O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, não foi convidado.
Questionado por repórteres se os dois vão discutir questões territoriais, Trump respondeu: “Isso será discutidos, mas preciso deixar a Ucrânia tomar essa decisão. Acho que eles tomarão uma decisão adequada, mas não estou aqui para negociar pela Ucrânia. Estou aqui para colocá-los (Putin e Zelensky) à mesa.”
A declaração foi uma nova tentativa de afastar de si a acusação, emitida pela Europa, de que irá definir sozinho com Putin o destino da Ucrânia, sem a presença de Zelensky ou de seus aliados europeus, que temem que Moscou se empodere com o resultado e invada mais países. Enquanto isso, ele aproveitou para se vangloriar. “Vladimir Putin queria tomar toda a Ucrânia. Se eu não fosse presidente, ele estaria, agora mesmo, tomando toda a Ucrânia, mas ele não vai fazer isso”, declarou.
Mais cedo nesta semana, Trump afirmou que “trocas territoriais” seriam necessárias para alcançar um fim permanente da guerra. Embora Zelensky tenha declarado inaceitável a concessão de terras, a medida é vista como inevitável. Enquanto isso, a palavra “trocas” foi vista com ceticismo, uma vez que o Kremlin deverá oferecer de volta apenas áreas ocupadas no país vizinho que não estão na sua lista de demandas.
Lista de exigências
As condições da Rússia para um eventual cessar-fogo seguem inalteradas, segundo o Kremlin, girando em torno da retirada completa de tropas de Kiev das regiões que Moscou pretende anexar (cerca de 20% do território do vizinho) e o abandono das ambições ucranianas de se juntar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a principal aliança militar ocidental.
Após relatos na imprensa de que Washington entendia que o presidente russo, Vladimir Putin, estava pronto para ceder em suas demandas territoriais, o porta-voz adjunto do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Alexei Fadeev, rejeitou quaisquer mudanças.
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“A posição da Rússia permanece inalterada e foi expressa neste mesmo salão há pouco mais de um ano, em 14 de junho de 2024”, disse Fadeev, referindo-se a um discurso proferido por Putin na época no Ministério das Relações Exteriores. Atualmente, a Rússia controla 19% da Ucrânia, incluindo toda a Crimeia, toda Luhansk, mais de 70% das regiões de Donetsk, Zaporizhzhia e Kherson, e partes das regiões de Kharkiv, Sumy, Mykolaiv e Dnipropetrovsk.
Entram também no pacote de condições, segundo as agências estatais russas Tass e Interfax, a retirada completa de tropas ucranianas dos territórios desejados por Moscou, a interrupção de fornecimento de armas e inteligência do Ocidente à Ucrânia, a limitação do Exército ucraniano, tanto na quantidade de tropas quanto armas, e realização de novas eleições. Putin não reconhece Volodymyr Zelensky como líder legítimo da Ucrânia, afirmando que ele teria continuado no poder ilegalmente neste ano (eleições estavam previstas, mas não aconteceram devido ao estado de guerra).
Na mesma coletiva a bordo do Air Force One, Trump confirmou sua ameaça anterior de consequências “severas” para a Rússia caso o país não demonstre disposição para discutir seriamente o fim da guerra na Ucrânia.
“Será muito grave economicamente. Gostaria de me concentrar no nosso país, estarei fazendo isso para salvar muitas vidas”, alertou.