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Guarda Nacional chega a Washington, D.C., após Trump ameaçar tomar capital

Cerca de 800 membros da Guarda Nacional, mobilizados pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, começaram a chegar a Washington, D.C., nesta terça-feira, 12, em uma operação para assumir o controle do Departamento de Polícia Metropolitana da capital e reforçar o combate à criminalidade. A medida foi anunciada pelo republicano na véspera, quando alegou que a cidade estava “fora de controle” e deveria ser resgatada “do crime, do derramamento de sangue, da confusão e da miséria”.

A intervenção ocorre após um suposto ataque a um funcionário federal que atuava na força-tarefa “Departamento de Eficiência Governamental” (DOGE), anteriormente chefiada pelo bilionário Elon Musk. Trump justificou a ação como resposta ao aumento da criminalidade, embora dados oficiais mostrem que os crimes violentos estão no menor patamar em 30 anos.

Segundo o Departamento de Polícia Metropolitana de Washington, a criminalidade geral do distrito federal diminuiu 7% desde o ano passado, enquanto crimes violentos despencaram 26% e crimes contra a propriedade reduziram em 5%. Roubos de carros, por exemplo, caíram quase 50% em 2024 e seguem em queda este ano. A maioria dos detidos são adolescentes, e o governo federal discorda da forma como a cidade lida com a punição desses jovens.

Anna Moneymaker
Um membro da Guarda Nacional do Distrito de Columbia chega ao Quartel-General da Guarda Nacional do Distrito de Columbia, terça-feira, 12 de agosto de 2025, em WashingtonAnna Moneymaker/Getty Images

Apesar do anúncio, a prefeita democrata Muriel Bowser afirmou que o chefe da polícia local permanece no comando e que sua administração trabalhará em parceria com os oficiais federais. A movimentação ocorre após ameaças de Trump de tomar o controle de Washington, o que colocaria fim à sua autonomia de meio século — desde 1973, a cidade pode eleger um governo local, ainda que o Congresso dos Estados Unidos tenha permissão para revisar suas leis e seu orçamento.

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“Temos mais policiais agora e queremos garantir que eles sejam usados adequadamente”, declarou em coletiva nesta terça, em tom mais conciliador do que no dia do anúncio, quando chamou o plano de “não produtivo” e afirmou que o estado de emergência não condizia com a queda nos índices criminais.

Membros da Guarda Nacional destacados pelo presidente Donald Trump começaram a chegar à capital do país
Membros da Guarda Nacional destacados pelo presidente Donald Trump começaram a chegar à capital do paísJIM WATSON/AFP

A relação entre Bowser e Trump tem histórico de confrontos. No primeiro mandato do republicano, a prefeita barrou o plano de um desfile militar e criticou a presença maciça de forças federais em protestos contra a violência policial em 2020. A situação, contudo, mudou de figura após o republicano retornar à Casa Branca, em 20 de janeiro. Apostando numa boa relação, ela chegou a visitar a Casa Branca para promover esforços para garantir que o time de futebol americano Commanders, da NFL, principal liga do esporte, conseguisse um novo estádio.

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A política democrata também apagou um mural do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam, em português). As letras amarelas em negrito foram pintadas em meio à onda de protestos desencadeada pelo assassinato de George Floyd, um homem negro, por um policial branco em 2020. A decisão foi resultado de pressão de republicanos, com um deputado apresentando uma legislação para reter o financiamento federal aos transportes públicos da cidade a menos que a prefeitura removesse a arte.

+ Trump coloca polícia sob controle federal e manda Guarda Nacional a Washington

Trump pode assumir o controle de Washington?

O presidente detém mais poder sobre Washington, D.C., do que sobre qualquer estado, devido ao status especial da capital definido pelo Congresso. A Lei do Governo Local (Home Rule Act) de 1973 permite que os moradores elejam prefeito e vereadores, mas mantém o Congresso com controle orçamentário e poder para anular leis locais. O texto também autoriza o presidente a assumir o comando da polícia por até 30 dias em situações de emergência — poder usado pela primeira vez.

Além do controle da polícia, Trump comanda diretamente a Guarda Nacional do Distrito, com cerca de 2.700 integrantes, dos quais 800 foram mobilizados para esta operação. Entretanto, para que o governo federal tenha controle total e permanente da cidade, seria necessária a revogação da Home Rule Act pelo Congresso, medida considerada improvável diante da oposição democrata.

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O uso de declarações de emergência e ordens executivas para governar sem o aval do Congresso tem sido uma marca do segundo mandato de Trump, já aplicadas em temas como imigração e tarifas comerciais.

 

 

 

 

 

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