A chinesa Yu Zidi, de apenas 12 anos, entrou para a história do Campeonato Mundial de Natação como a medalhista mais jovem desde a criação do evento, há 52 anos. Ela levou o bronze no revezamento 4×200 m livre feminino, ao participar das eliminatórias que garantiram o pódio para a equipe, e também se destacou nas provas individuais: foi quarta colocada em três disputas, incluindo os 200 m medley, a apenas seis centésimos do bronze.
Yu começou a nadar aos seis anos, após uma ida casual a um parque aquático na China. Um treinador identificou seu talento e a encaminhou ao clube Hebei Taihua Jinye, onde treina até hoje. No Mundial, ela quebrou seus próprios recordes nos 200 m e 400 m medley e nos 200 m borboleta — prova na qual registrou 2min06s83, tempo que valeria ouro no Mundial de 2024. Seu desempenho chamou atenção da World Aquatics, que a descreveu como “sensação de 12 anos”.
A nadadora já é vista como potencial estrela nos Jogos de Los Angeles, em 2028, quando terá 15 anos, idade considerada ideal para disputar medalhas na modalidade. Apesar da pressão, Yu afirmou que a experiência no Mundial foi “ótima” e que a medalha a motiva a seguir competindo.
Mudança nas regras à vista
O sucesso da atleta reacendeu o debate sobre a participação de crianças em competições de elite. Hoje, o regulamento da World Aquatics estabelece idade mínima de 14 anos, mas abre exceção para quem atinge o índice técnico “A” — caso de Yu. Após a repercussão, a entidade admitiu que pode rever a regra. O Comitê Olímpico Internacional já alertou que adolescentes estão mais propensos a lesões e sobrecarga mental.

A jovem revelou que quase abandonou a natação aos 11 anos devido à pressão, sendo convencida a continuar pelo técnico e pela família. Casos semelhantes já marcaram a história do esporte: a dinamarquesa Inge Sørensen conquistou bronze olímpico aos 12 anos, em 1936; a britânica Sharron Davies competiu em sua primeira Olimpíada aos 13; e a canadense Summer McIntosh estreou em Tóquio com 14, acumulando ouros em Mundiais aos 18.
Os riscos do sucesso precoce
Especialistas destacam que treinos intensos na infância podem comprometer o crescimento e o bem-estar emocional, especialmente quando a identidade do jovem se restringe ao papel de atleta. Pressões externas de treinadores e familiares aumentam o risco de ansiedade, depressão e esgotamento. O acompanhamento psicológico e o tempo dedicado a atividades de lazer são apontados como medidas essenciais para preservar a saúde física e mental.