O IBGE divulga na próxima semana o IPCA de julho. Trata-se do índice de inflação considerado o oficial do país, principalmente porque o dado é usado pelo Banco Central na formulação da política monetária. O novo número será conhecido na terça-feira, 12. “Nós projetamos aqui um IPCA de 0,37%”, indicou Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica investimentos. Em junho, a inflação ficou em 0,24% e um mês antes marcou 0,26%.
A previsão de Natalie foi feita nesta sexta-feira, 8, durante o Mercado, programa de economia, negócios e mercado financeiro de Veja+. A especialista gosta de observar o IPCA a partir de uma perspectiva qualitativa, ou seja, retirando aumentos ou quedas de preços que podem ser consideradas mera volatilidade.
“A gente continua vendo um qualitativo da inflação mais benigno do que já foi. Vale a gente pensar que no início do ano a gente viu números de inflação muito complicados”, indica. A inflação de serviços estava alta, e também a de alimentos.
Para Natalie, a desvalorização do dólar em relação ao real ajuda neste movimento de arrefecimento da inflação. A economista lembrou que o dólar, que chegou a ‘tocar’ 6,30 reais, hoje orbita na casa de 5,50 reais. “Ajuda o IPCA”. Mas de acordo com Victal, o que preocupa ainda são os preços de serviços.
“O que chama a atenção é a inflação ancorada”, comenta Julio Ortiz, que é CEO e co-fundador da CX3 Investimentos. “A partir de março, abril, a inflação reagiu positivamente”, conta.

Ele lembra que a previsão de inflação para 2025 cai por dez semanas seguidas no Boletim Focus, hoje está em 5,07%. No IPCA de junho, essa inflação estava em 5,35% no período de doze meses. A previsão, portanto, ainda está acima da meta de inflação, que é de 3% – e pode ser 1,5 ponto percentual pra cima ou para baixo do centro.
47 vezes inflação
A palavra ‘inflação’ foi escrita exatas 47 vezes na ata do Copom, que explicou os motivos para a manutenção da taxa de juros em 15% ao ano. O número é uma medida da importância que o colegiado dá ao IPCA. “O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária”, indica o comunicado.
“Em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma continuação na interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado.