Sócios do Corinthians aprovaram neste sábado, 9, o impeachment de Augusto Melo da presidência do clube. Ao todo, foram 1.413 votos favoráveis, 62o contrários e quatro votos brancos e nulos pela destituição definitiva do dirigente. O resultado se deu após assembleia geral extraordinária no Parque São Jorge.
Augusto Melo estava afastado da presidência desde 26 de maio, por decisão do Conselho Deliberativo, após acusações de irregularidades no contrato com a VaideBet. (Leia abaixo)
Agora, o presidente do colegiado, Romeu Tuma Jr., terá 30 dias para convocar uma eleição indireta junto ao conselho para decidir o novo presidente do clube. O próximo dirigente ocupará o posto até o fim de 2026, quanto terminaria o mandato original de Augusto Melo.
Em nota divulgada após o fim da apuração, a defesa de Melo afirma que o processo de votação teve irregularidades e que vai contestar os resultados.
O presidente Augusto Melo vai contestar as irregularidades da votação deste sábado, tomando as medidas cabíveis pelas vias adequadas. Entre os absurdos ocorridos neste sábado está a condução da votação por pessoas que estão em campanha contra Augusto Melo, sem isenção para desempenhar essa função. A diretoria interina permitiu que entrassem no clube membros de organizadas que coagiram os votantes e se negou a disponibilizar o registro de entrada dos sócios no clube, para que fosse possível comparar o número de entradas com o número de votos. A apuração das urnas foi controlada pelos adversários do presidente. Na esfera judicial, todas as medidas estão sendo tomadas para provar a inocência de Augusto Melo em relação a acusações falsas que ensejaram a condução de um inquérito nulo pela Polícia Civil.
Afastamento
Augusto Melo foi indiciado em maio deste ano pela Polícia Civil de São Paulo por irregularidades no contrato de patrocínio com a VaideBet e, uma semana depois, o conselho do alvinegro votou pelo afastamento. Em seu lugar, assumiu interinamente o vice-presidente do clube, Osmar Stábile.
À época, Augusto Melo negou as acusações, afirmou que não renunciaria ao cargo e que brigaria para seguir no posto.
“O jogo não acabou, mas saio de cabeça erguida”, seguiu. “Saio do Corinthians neste momento, por enquanto, com salários em dia há sete meses, com planejamento de um ano que tinha tudo para dar certo.” “Todas minhas promessas foram cumpridas. Saio daqui, todos falaram de auditoria, e está feita. Está na mão do Conselho Fiscal. Espero que a torcida cobre isso. A minha parte eu fiz”, declarou.
Impasse
Como mostrou o colunista de VEJA Matheus Leitão, há um impasse processual no caso em que o Ministério Público paulista faz acusações contra Augusto Melo. No início de julho, a defesa do agora ex-dirigente solicitou a invalidação do inquérito da Polícia Civil e a rejeição da denúncia apresentada pelo MP. No mesmo documento, a defesa questionou o MP sobre possíveis ilegalidades na investigação. O MP respondeu que não daria as respostas antes da conclusão do processo. A Justiça, no entanto, intimou o Ministério Público a prestar os esclarecimentos.
A defesa do cartola apontou a existência de irregularidades e abusos contra ele, como acesso a dados do Coaf sem autorização Judicial e envolvimento indevido da Polícia Civil de São Paulo. “Esse caso é de competência da Justiça Federal e quem precisa investigar é a Polícia Federal, uma vez que envolve um contrato internacional. Quem não deve, não teme. O Augusto não deve nada e não teme nada”, diz o advogado Ricardo Sayeg, que coordena o time de advogados de Augusto Melo na esfera criminal.
Nas petições, os advogados afirmam que “ficou mais do que claro que o presidente Augusto está sendo perseguido neste inquérito policial e que se trata de pessoa inocente, porém, vítima de confirmation bias em investigação omissa, se não direcionada”. Segundo eles, “a autoridade policial em sua linha de investigação cometeu grave omissão somente perseguindo injustamente o presidente do Corinthians, eleito e injustiçado, que nada fez, nada deve, e é inocente”.
Dois laudos técnicos sustentam as alegações dos advogados. Um deles é assinado por Manuel Enríquez Garcia, professor de economia da USP e presidente da Ordem dos Economistas do Brasil (OEB). O outro foi feito pelo delegado aposentado da Polícia Federal Anderson Souza Daura, que aponta nulidades processuais e ausência de tipificação adequada na instauração do inquérito.