André Gurgel, 37 anos, e Felipe Bezerra, 55, viram que era chegada a hora de mostrar o “molho” do Nordeste que foge do clichê. Naturais de Natal (RN), os empresários fundaram em 2012 o estúdio Mula Preta – hoje eles estão presentes em mais de 30 pontos de venda e já fizeram parcerias com marcas de luxo como Mondepars e Carolina Herrera. “O que nos move é representar um Nordeste globalizado, contemporâneo e sofisticado. Não seguimos o clichê estético do mercado. Nossa regionalidade está no humor, na alegria, na leveza e na ousadia”, diz André à coluna GENTE.
Com a flagship da marca, a principal loja da empresa completando cinco anos em São Paulo, os empresários falam da importância e da dificuldade de adentrar no mercado de luxo tão exclusivo. “A nossa flagship em São Paulo poderia estar em qualquer capital do mundo, mas carrega no DNA essa energia nordestina. Foi um exercício de tradução cultural, nossa sofisticação vem da forma como reinterpretamos símbolos, gestos e emoções das nossas origens, sem literalidade, mas o maior desafio é conquistar credibilidade e consistência. No mercado de luxo, não basta ter um produto bonito — é preciso ter história, qualidade e entrega impecáveis. Além disso, o luxo é um jogo de relações: é fundamental construir uma rede sólida de parceiros e clientes para se manter relevante”, afirma.
Atuando há mais de uma década na área, os dois se unem para combater o preconceito que persiste na estética nordestina. “Existe menos preconceito do que há dez anos, mas ainda existe. Muitas vezes, o design com características regionais precisa provar que pode estar nas mesmas mesas de negociação que marcas europeias de luxo”, di André. No entanto, apesar dos obstáculos, a cultura dos estados do Nordeste não deixa de crescer. “É emocionante ver o Nordeste ganhar espaço, não como tendência passageira, mas como expressão legítima de cultura, nos enche de orgulho”, diz André, orgulhoso do que criou.