9 de agosto de 2025. Hoje completa um ano do trágico acidente com o voo 2283 da Voepass Linhas Aéreas, que caiu sobre um condomínio residencial em Vinhedo, interior de São Paulo, resultando na morte de todas as 62 pessoas a bordo – 58 passageiros e 4 tripulantes – mas, felizmente, sem vítimas no solo .
Até agora, porém, nada de respostas definitivas sobre a maior tragédia aérea do país em quase duas décadas. O que se sabe é que o avião, um ATR-72-500 caiu após entrar em “parafuso chato” — uma descida descontrolada em giro vertical. Segundo o relatório preliminar do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), de setembro de 2024, houve perda de sustentação, seguida a queda, mas sem qualquer comunicação de emergência por parte da tripulação.
Dados meteorológicos apontam que a aeronave atravessou nuvens supercongeladas de até – 40 °C, o que levantou a hipótese de acúmulo de gelo nas asas — mas também sem confirmação absoluta sobre falha dos sistemas de degelo. Ainda segundo a Cenipa, os pilotos relataram instabilidade no sistema antigelo já no início do voo.
Investigações em andamento
De acordo com investigações, na noite anterior ao voo fatal, um piloto reportou problema no sistema de degelo, que estaria desarmando automaticamente logo após ser acionado e foi omitido no diário de bordo técnico — possivelmente impedindo investigação ou manutenção preventiva.
A fala do piloto foi ignorada pela liderança da empresa, prática que seria encorajada por uma cultura interna em pressionar para evitar atrasos nos voos. Se tivesse sido levada em consideração, no entanto, poderia ter evitado o acidente já que a aeronave seria impedida de decolar na manhã seguinte – o perfeito funcionamento do sistema de degelo é condição obrigatória para voos com destino a regiões com previsão de formação de gelo segundo o Regulamento Brasileiro da Aviação Civil como o caso do trajeto do voo 2283.
Em nota, a Voepass diz que “sempre atuou cumprindo as exigências rigorosas que garantem a segurança das suas operações aéreas. O Cenipa, contudo, segue conduzindo a investigação técnica, com análise aprofundada dos dados das caixas-pretas, sistemas da aeronave, fatores meteorológicos e humanos. O relatório final não tem prazo definido, mas espera-se que seja concluído até o final deste ano.
Paralelamente, a Polícia Federal realiza um inquérito criminal, com prazo previsto de um ano para o laudo de sinistro aeronáutico — além de investigações pela Polícia Civil de São Paulo e até o Ministério Público do Trabalho, que busca apurar eventuais violações nos direitos e segurança dos tripulantes.
Ninguém foi atingido em solo
O avião caiu em uma área residencial — o condomínio Recanto Florido — mas por sorte ou circunstância, nenhuma residência foi atingida e não houve feridos ou mortos fora da aeronave . Uma trágica fatalidade restrita a bordo, sem repercussões físicas sobre os moradores do entorno.
Um ano após a tragédia, permanece a dor e a busca por respostas. O acidente escancara fragilidades na cultura de manutenção e comunicação da empresa, mas também evidencia mobilização das instituições que trabalham em conjunto para elucidar as causas, responsabilizar eventuais falhas e prevenir novas tragédias.