O presidente dos Estados Unidos, assinou secretamente uma diretriz para o Pentágono começar a usar força militar contra certos cartéis de drogas na América Latina vistos pelo governo americano como organizações terroristas, segundo fontes ouvidas pelo jornal The New York Times, em reportagem publicada nesta sexta-feira, 8.
A decisão cria uma base oficial para a possibilidade de operações militares diretas solo estrangeiro. Autoridades militares dos EUA, segundo o New York Times, já começaram a elaborar opções sobre como os militares poderiam perseguir os grupos. — qualquer ação levanta questões legais, sobretudo em relação ao assassinato de cidadãos de outros países por forças americanas.
Desde que reassumiu a presidência, Donald Trump vem pressionando autoridades para ampliar o combate ao crime organizado. Em janeiro, ordenou que sua equipe se preparasse para invocar uma lei de guerra de 1798, que permitiria deportações de supostos membros de gangues sem necessidade de julgamento.
Logo depois, em fevereiro, o governo americano designou seis cartéis mexicanos e duas gangues latino-americanas como organizações terroristas. Entre os grupos listados estão o Tren de Aragua, facção criminosa nascida em prisões venezuelanas e hoje presente em ao menos oito países sul-americanos, e a Mara Salvatrucha (MS-13), gangue fundada em Los Angeles por imigrantes de El Salvador, conhecida por sua brutalidade e tráfico internacional de drogas. A medida também atinge os principais cartéis mexicanos: Sinaloa, Jalisco Nova Geração, Cartéis Unidos, Cartel do Nordeste, Clã do Golfo e Família Michoacán.
Há duas semanas, o governo Trump também adicionou o Cartel de los Soles, da Venezuela, à lista, afirmando que o grupo é liderado pelo presidente Nicolás Maduro, da Venezuela, e outros funcionários do governo venezuelano.
Em paralelo, nesta sexta-feira, o governo dos EUA dobrou uma recompensa, agora oferecendo US$ 50 milhões, por informações que levem à prisão de Nicolás Maduro.
De acordo com Washington, Maduro violou as leis de narcóticos americanas e tomou o poder de forma não democrática na Venezuela. Em um vídeo publicado nas redes sociais, a procuradora-geral, Pam Bondi, acusou o presidente venezuelano de ter ligações com grupos criminosos, como o Tren de Aragua e o Cartel de Sinaloa. Ela também disse que a DEA, agência anti-drogas dos Estados Unidos, aprendeu 30 toneladas de cocaína ligadas a Maduro e seus associados.
O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, afirmou que a declaração é a “cortina de fumaça mais ridícula” que já viu. Gil disse que o vídeo de Bondi não era uma surpresa, “vindo de quem vem”, acusando a procuradora-geral de tentar com o anúncio desviar o foco das polêmicas envolvendo a relação entre Trump, e o predador sexual Jeffrey Epstein.