O assessor do Kremlin, Yuri Ushakov, afirmou nesta quinta-feira, 7, que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, se encontrará com seu homólogo americano, Donald Trump, nos próximos dias. Caso se concretize, seria a primeira cúpula entre os líderes dos dois países desde 2021.
O anúncio foi feito um dia após o enviado de Trump, Steve Witkoff, ser recebido por Putin para conversas sobre o fim da guerra na Ucrânia. O presidente dos Estados Unidos ameaçou aplicar sanções “severas” contra a Rússia e os países que fazem negócios com Moscou caso não haja acordo até esta sexta-feira, 8.
“Por sugestão do lado americano, um acordo foi essencialmente alcançado para realizar uma reunião bilateral de alto nível nos próximos dias, ou seja, uma reunião entre o presidente Vladimir Putin e Donald Trump”, disse Ushakov. “Estamos agora iniciando os preparativos concretos junto com nossos colegas americanos”, completou, segundo a agência de notícias estatal russa Interfax.
Ele afirmou Washington e Moscou já acertaram um local para a cúpula, mas que isso seria anunciado posteriormente. Putin tem encontro marcado nesta quinta-feira com Mohammed bin Zayed Al Nahyan, o presidente dos Emirados Árabes Unidos, o que fontes já haviam sugerido como um possível destino para a reunião com Trump.
O mercado de ações russo subiu mais de 5% com a notícia. Seu principal índice, o MOEX, atingiu seu nível mais alto em dois meses. O rublo chegou à a maior cotação em duas semanas em relação ao dólar americano e ao yuan chinês.
Desde que Putin e o ex-presidente americano Joe Biden se encontraram em Genebra em junho de 2021, não houve nenhuma cúpula entre os líderes dos Estados Unidos e da Rússia. A relação entre os países entrou em crise desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022. Mas Trump tem se empenhado em consertar as relações com Moscou e tentando encerrar a guerra, embora em suas declarações tenha oscilado entre admiração e duras críticas a Putin.
Encontro “mutuamente benéfico”
Ushakov disse que o enviado de Trump, Witkoff, havia levantado na quarta-feira a possibilidade de uma reunião entre Trump, Putin e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Mas ele afirmou que o lado russo havia deixado essa proposta “completamente sem comentários”.
“Propomos, em primeiro lugar, concentrar-nos na preparação para uma reunião bilateral com Trump e acreditamos que o principal é que esta reunião seja bem-sucedida e produtiva”, disse Ushakov.
Sobre o encontro entre Putin e Witkoff, ele afirmou que a conversa foi profissional e construtiva.
“Observou-se novamente que as relações russo-americanas podem ser construídas de acordo com um cenário completamente diferente e mutuamente benéfico, significativamente diferente de como se desenvolveram nos últimos anos”, disse Ushakov.
O blogueiro pró-guerra do Kremlin, Yuri Podolyaka, em publicação após as negociações entre Putin e Witkoff, disse que o líder russo havia jogado um “jogo diplomático magistral”.
“Parece que Vladimir Putin conseguiu levar Trump a um ‘carrossel de negociações’”, publicou em seu blog, que tem mais de 3 milhões de assinantes.
Na quarta-feira, Trump anunciou uma tarifa adicional de 25% sobre produtos indianos, que entrará em vigor em 28 de agosto, citando as contínuas importações de petróleo russo por Nova Délhi, o que aumenta drasticamente as tensões entre os dois países. Ele também afirmou que pode anunciar tarifas adicionais semelhantes sobre produtos da China, outro grande comprador de petróleo russo.