O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender a soberania brasileira ao comentar o tarifaço imposto pelos Estados Unidos contra o Brasil, afirmando que “o governo não transigirá e não vacilará em seu dever de preservá-la”. As declarações ocorreram nesta terça-feira, 5, durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o Conselhão, em Brasília.
Sem citar nominalmente nenhum integrante do clã Bolsonaro, Lula criticou novamente a pressão do governo Donald Trump sobre o Judiciário brasileiro e a articulação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) junto à Casa Branca para incentivar a taxação. “Em nenhum tarifaço sobre outros países houve tentativa de ingerência sobre a Justiça. Essa interferência contou com o auxilio de verdadeiros traidores da pátria, que arquitetaram essas ações”, declarou o petista.
Durante o discurso, o presidente brasileiro disse que não faria comentários a respeito do “cidadão que tentou dar um golpe” — desde segunda-feira, 4, o ex-presidente Jair Bolsonaro cumpre prisão domiciliar por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Lula limitou-se a dizer que o tarifaço, que Trump alega ser motivado por uma “caça às bruxas” contra o ex-mandatário, representa uma “covardia dos que se associaram a interesses alheios aos da nossa nação”.
‘Não tomaremos parte em outra Guerra Fria’, diz Lula sobre relações diplomáticas
Também no evento desta terça-feira, Lula voltou a defender o multilateralismo na diplomacia e afirmou que o governo deseja manter relações comerciais com países em todos os alinhamentos ideológicos. “Não seremos dependentes de ninguém nem tomaremos parte em outra Guerra Fria”, declarou.
Criticando a investigação aberta pela Casa Branca contra o Pix, Lula brincou que gostaria de ver Trump “pagando uma conta” usando o sistema brasileiro e disse que ligaria ao presidente americano para convidá-lo a comparecer à COP-30, que ocorrerá em novembro em Belém. “Eu vou ligar pro Trump, pro Xi Jinping, pra todo mundo, só não vou ligar pro Putin porque ele não está podendo viajar”, debochou — o presidente russo é alvo de um mandado de prisão internacional, emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) em razão da invasão da Ucrânia, e não pode visitar países signatários do Estatuto de Roma.