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Cinco anos depois, Líbano ainda tenta se recompor após explosão no Porto de Beirute

Em 4 de agosto de 2020, o mundo acompanhava, vidrado nas imagens que circulavam nas redes sociais e na televisão, uma colossal explosão no Porto de Beirute, capital do Líbano. O país, àquela altura, já enfrentava uma pluralidade de crises, de econômica à sanitária — assim como o resto do globo, lidava com a pandemia de Covid-19. A destruição do porto foi, então, mais um capítulo trágico da história local, flagelada pela guerra civil libanesa (1975-1990). Agora, cinco anos mais tarde, o Líbano ainda tenta se reerguer, mas enfrenta novos desafios.

Há sinais de esperança. Uma troca de juízes na investigação sobre a explosão parece, pela primeira vez em anos, sugerir que novos passos rumos à responsabilização de quem permitiu, de maneira irresponsável, o armazenamento de nitrato de amônio, um composto químico extremamente volátil, no porto. À frente do caso desde 2021, o juiz Tarek Bitar ampliou o escopo de acusados nos últimos anos, incluindo o diretor da Segurança geral, Abbas Ibrahim, e o procurador-geral Ghassan Oueidate.

Bitar, no entanto, enfrentou resistência para avançar. Por vezes, as Forças de Segurança Interna do Líbano se recusaram a executar mandados, enquanto o ex-promotor público do Tribunal de Cassação, Ghassan Oueidat, chegou a ordenar a interrupção da investigação. Mas a situação parece ter mudado após uma troca no poder: a eleição, em janeiro, do presidente Joseph Aoun e do primeiro-ministro Nawaf Salam, rompendo com dois anos de vácuo no poder, deixado após o então premiê Hassan Diab renunciar dias após a explosão em Beirute.

“O atual ministro da Justiça parece determinado a ir até o fim e prometeu que o juiz não enfrentará mais obstáculos e que o ministério fornecerá toda a ajuda necessária”, disse Karim Emile Bitar, analista político libanês independente, à emissora árabe Al Jazeera.

As mudanças políticas também foram acompanhadas pelo enfraquecimento do Hezbollah. Após o início da guerra na Faixa de Gaza, em 7 de outubro de 2023, a milícia libanesa passou a trocar tiros com forças israelenses na fronteira entre os dois países. A reação, segundo eles, é uma demonstração de solidariedade aos palestinos. Um ano mais tarde, a organização mergulharia em um confronto próprio.

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Hezbollah x Israel

Em setembro do ano passado, Israel conduziu uma série de ataques ao Líbano, abrindo uma nova frente do conflito. Na época, VEJA acompanhou de perto o drama de brasileiros e familiares libaneses na tentativa de escapar dos horrores do conflito. Os constantes ataques israelenses, que mataram milhares de civis, também acabaram por eliminar uma série de membros do alto escalão do Hezbollah, incluindo a perda de dois líderes da organização em menos de um ano.

Em novembro, o Hezbollah e Israel firmaram um acordo de cessar-fogo. Mas a ferida estava aberta. A caça israelense à cúpula dos militantes acabou, no processo, por destruir diversas regiões do país. Quem morava ao sul, epicentro inicial dos bombardeios, não tinha casa para qual voltar. Beirute também foi massivamente atacada. Mais de 3 mil pessoas morreram — entre eles, os brasileiros Mirna Raef Nasser, 16, Ali Kamal Abdallah, 15, e Fatima Abbas, 1 — e outros 13 mil ficaram feridos, enquanto 1,2 milhão foram deslocados pelos ataques israelenses.

Some-se à lista de problemas a implacável crise econômica, que continua a afligir a população libanesa. Segundo o Banco Mundial, a destruição provocada pela guerra entre Hezbollah e Israel é estimada em US$ 3,4 bilhões, ao passo que as perdas econômicas foram calculadas em US$ 5,1 bilhões adicionais. O valor, somado, representa 40% do Produto Interno Bruto (PIB) do Líbano. Com tantos obstáculos, a reconstrução do Líbano, incluindo a combalida Beirute, é um sonho que talvez só seja vivido pelas gerações futuras.

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