counter Indústria de pneus será duramente afetada pelo tarifaço, segundo fabricantes – Forsething

Indústria de pneus será duramente afetada pelo tarifaço, segundo fabricantes

Ameaçada pelas importações de pneus da Ásia que têm inundando o mercado nacional com produtos abaixo do preço de custo, a indústria brasileira também vai ser prejudicada pela taxação das exportações. A partir de 6 de agosto, pneus agrícolas, de carga e de motocicletas exportados do Brasil para os Estados Unidos terão tarifas adicionais de 50%. Pneus de passeio brasileiros vendidos nos EUA permanecem com a tarifa de 25%, estipulada em maio.

“As tarifas de 50% e 25% impostas pelo governo norte-americano trazem grande preocupação”, diz Rodrigo Navarro, CEO da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP). “Trata-se de mais um desafio a ser enfrentado no contexto do setor. Desde 2020 temos convivido com o crescimento das importações, muitas vezes com valores abaixo do custo (dumping), afetando duramente a indústria no país, empregos, investimentos e reduzindo a compra de matérias-primas locais”, afirma. 

A indústria de pneus e câmaras de ar instalada no Brasil compreende onze empresas, Bridgestone, Continental, Dunlop, Goodyear, Maggion, Michelin, Pirelli, Prometeon, Rinaldi, Titan e Tortuga, e 21 fábricas instaladas no Brasil, em sete estados. O setor emprega diretamente 32 mil pessoas e mais de 500 mil de forma indireta.      

As exportações representam 20% das vendas do setor. No ano passado, foram exportados 9,8 milhões de pneus e os Estados Unidos são o principal destino, respondendo por mais de um terço do volume: 3,2 milhões de unidades.

Entre os taxados em 50%, o setor de pneus de carga é o que mais deve sentir o impacto do protecionismo norte-americano.  Nos seis primeiros meses do ano, os Estados Unidos compraram ainda 38% dos 1,32 milhão de pneus de carga exportados no período.  Em níveis percentuais, a representatividade dos Estados Unidos nas exportações de pneus de carga supera a de pneus de passeio, cujas vendas para os EUA somaram 34% do total de 4,22 milhões de pneus exportados.

Continua após a publicidade

A associação  participou de reuniões com o vice-presidente Geraldo Alckmin e equipe do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, com os governadores de São Paulo e Bahia, CNI, FIESP e FIEB, para contribuir e apoiar nas negociações e ações em curso. “Vamos continuar com os esforços junto aos principais interlocutores-chave envolvidos nesse tema, incluindo governo federal, estadual e outras entidades setoriais, para fortalecer as iniciativas de diálogo com o governo norte-americano”, ressalta Navarro.

“As tarifas trazem prejuízos para os dois mercados e afetam as empresas do setor, em especial as que investiram em linhas de produção no Brasil exclusivamente para exportação para os EUA”, acrescenta Navarro.

Segundo a associação, São Paulo é um dos estados mais afetados pelas medidas tarifárias do governo norte-americano. Em 2024, São Paulo concentrou 49,4% dos pneus produzidos para exportação, com 9 fábricas. Em 2025, até junho, o índice foi de 52,7%. Depois de São Paulo, a Bahia é o segundo maior estado em exportação de pneus, com 24,3% de participação em 2024 e 21,9% em 2025, com 3 fábricas. Outros estados que também abrigam plantas industriais com operações relevantes em exportação são Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná.

Publicidade

About admin