A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro tem mantido a participação em agendas públicas e em eventos do PL Mulher, do qual é presidente, com um discurso voltado não apenas ao público feminino, mas também à população evangélica e com apelo ao combate à chamada “ideologia da esquerda”. O movimento se dá ao mesmo tempo em que o ex-presidente Jair Bolsonaro é alvo de medidas restritivas que dificultam e até mesmo impossibilitam a sua saída de Brasília e o giro por outras cidades do país.
Apenas no mês de julho, foram ao menos três grandes encontros da ala feminina do partido. No último sábado, 26, Michelle esteve em Campina Grande, na Paraíba, onde discursou ao lado de lideranças como o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga, cotado para disputar uma vaga ao Senado pelo estado no próximo ano.
No evento, Michelle lamentou a ausência de Bolsonaro mas afirmou ter esperança de que a justiça irá “prevalecer”. Por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente passou a usar tornozeleira eletrônica e a cumprir recolhimento domiciliar no período noturno e aos finais de semana.
“Ele infelizmente não vai poder participar, por causa desse momento difícil que estamos passando. Mas vamos vencer, a justiça vai prevalecer, e a verdade também. E aquele que está no trono, o criador dos céus e da terra, o guarda de Israel, ele não vai dormir em relação a tudo que estamos passando e em relação ao nosso Brasil. Temos que ter fé por dias melhores”, disse a ex-primeira-dama.
A sequência de encontros do PL Mulher, que acontecem no Brasil inteiro desde o último ano, tem como objetivo organizar os diretório estaduais e formar lideranças femininas da legenda para as eleições de 2026.
Em junho, Michelle lançou como parte dessa empreitada o “Alicerça Brasil”, iniciativa que se propõe ser um movimento de mobilização “contra as ideologias da esquerda”, especialmente, afirmam, no que diz respeito “à destruição dos valores familiares”. As integrantes do grupo são chamadas de “Alicerçadas” e têm, inclusive, um grito de guerra: “Edificando a nação”.
O tom no último evento do PL Mulher seguiu essa linha: em diversos momentos, Michelle pregou que a bandeira brasileira nunca seja “vermelha”, e atentou para o que classificou de doutrinação dos jovens nas universidades.
“Estamos passando por um momento difícil espiritual. Comecem a prestar atenção. Olhem a atitude dos nossos jovens nas universidades. Bandeiras de Che Guevara, Maduro, Hitler. Comece a pensar. Olha o que eles estão fazendo”, disse.
Além do encontro em Campina Grande, a ex-primeira dama também teve eventos do PL Mulher em Rio Branco, no Acre, no dia 12, e em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, no dia 5.
Disputa ao Senado
Na última terça-feira, 29, Michelle participou ao lado de Bolsonaro da motociata realizada em apoio ao ex-presidente, em Brasília.
Ela chegou ao ato acompanhada da vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP). Cotada para disputar o governo do DF no próximo ano, Celina lidera as últimas pesquisas de intenção de voto para o posto.
A possibilidade de uma chapa com as aliadas tem sido fortemente ventilada dentro do PL, uma vez que Michelle, por sua vez, é cotada para disputar uma vaga ao Senado, também pelo Distrito Federal.
Nesta quarta-feira, 30, a ex-primeira-dama publicou uma foto do título de eleitor, afirmando que havia transferido o documento para Brasília. “A boa filha à casa retorna. Novamente, eleitora em Brasília”, escreveu.