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O polêmico projeto de Trump para um novo salão de baile de mais de R$ 1 bi na Casa Branca

O governo dos Estados Unidos anunciou na quinta-feira, 31, planos para uma enorme reforma na Casa Branca, que adicionará à Ala Leste um novo salão de baile – antigo desejo do presidente Donald Trump, conhecido pela extravagância. O projeto com custo estimado em US$ 200 milhões (mais de R$ 1 bilhão) vai ampliar a área em 8.400 metros quadrados, numa das maiores mudanças do edifício histórico em décadas.

O projeto levanta inúmeras questões sobre potenciais conflitos de interesse e a própria viabilidade do empreendimento, que Trump espera concluir antes de deixar o cargo. Autoridades da Casa Branca disseram que o presidente e outros doadores pagariam pelas reformas, mas não deram mais detalhes.

Em seus seis meses de mandato, Trump vem tentando remodelar as instituições americanas à sua imagem por meio de mudanças políticas abrangentes — mas parece também querer deixar sua marca na estrutura física da Casa Branca. Antes do salão de baile, ele já redecorou o Salão Oval (com direito a uma profusão de ornamentos dourados), trouxe o estilo de sua mansão Mar-a-Lago, na Flórida, para o Rose Garden, e instalou um novo mastro de bandeira em frente ao edifício que abriga o poder executivo dos Estados Unidos.

“Somos bons em construir”, disse Trump na quinta-feira. “Sou bom em construir coisas, e vamos conseguir construir tudo rapidamente e no prazo. Será lindo — de primeira linha.”

O projeto do salão de baile de 8.400 metros quadrados permitiria que o governo sedie eventos para cerca de 650 pessoas, mais que o triplo da capacidade do maior salão do prédio, o Salão Leste. Segundo Trump, a reforma é necessária para receber líderes mundiais e outros convidados sem a adição de uma tenda no gramado sul da Casa Branca. A construção deve começar em setembro e acabar antes do final do mandato de Trump, disse Karoline Leavitt, porta-voz do governo.

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David Axelrod, ex-assessor sênior da Casa Branca durante a gestão de Barack Obama, escreveu em uma autobiografia publicada em 2015 que o novo salão era um sonho antigo de Trump — e ele havia inclusive se oferecido para pagar pela reforma. O governo democrata, porém, recusou.

A reforma seria um dos maiores projetos nos jardins da Casa Branca desde que o presidente Harry Truman (1945-1953) criou o que hoje é a Ala Oeste. De acordo com imagens divulgadas pelo governo, a ideia é construir um salão de baile que se assemelharia a um dos cômodos de Mar-a-Lago, a mansão/resort de Trump. Uma das fotos mostra um salão decorado com lustres e cadeiras douradas em volta de dezenas de mesas.

O quanto a Ala Leste da Casa Branca mudará ainda não está claro. Trump afirmou estar focado em manter a integridade e a tradição da residência presidencial.

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“O salão de baile será substancialmente separado do edifício principal da Casa Branca, mas, ao mesmo tempo, seu tema e patrimônio arquitetônico serão quase idênticos”, garantiu Leavitt, acrescentando que os escritórios McCrery Architects, Clark Construction e AECOM foram contratados para o projeto.

Polêmicas

Embora historiadores e especialistas em ética governamental afirmem que presidentes têm autoridade para conduzir a reforma, eles levantam preocupações sobre o financiamento do novo salão de baile e a contratação das empresas de arquitetura — não está claro se foi um processo competitivo, ou se entidades ligadas ao republicano foram beneficiadas.

O timing do anúncio também importa. Há menos de uma semana, Trump aproveitou uma reforma de US$ 2,5 bilhões (R$ 13,86 bilhões) realizada pelo Fed, o banco central americano, para modernizar prédios dos anos 1930 como insumo para acusar o chefe da entidade, Jerome Powell, de má gestão. Agora, ele anunciou sua própria reforma — uma que pode abrir espaço para doações de gente que quer cair nas graças da Casa Branca.

Embora o governo tenha apresentado o fato de que não são os contribuintes que vão pagar pelo novo salão de baile como trunfo, o financiamento por doadores voluntários abre espaço para conflitos de ética. Além disso, especialistas alertam que a ampliação da Casa Branca pode permitir que Trump e futuros governos convidem seus doadores à residência presidencial, ao invés de realizar os tradicionais comícios, preparando terreno para uma abordagem cada vez mais transacional.

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