O terremoto de magnitude 8,8 que atingiu a Península de Kamchatka, no extremo leste da Rússia, nesta terça-feira (30), já figura entre os oito mais potentes da história moderna, segundo dados preliminares de institutos internacionais de sismologia.
O tremor, que ocorreu a cerca de 20,7 km de profundidade, desencadeou um tsunami que já atingiu as costas do Japão, Rússia e Estados Unidos, com alertas estendidos para diversos países da bacia do Pacífico.
De acordo com o Instituto de Geociências (IGEO) da Espanha, o terremoto só foi superado neste século pelo devastador abalo de Tohoku, no Japão, em 2011, que alcançou 9,1 graus de magnitude.
O IGEO explicou, por meio de publicações na rede social X (antigo Twitter), que tsunamis como o atual são esperados quando há falhas geológicas com movimento vertical, como o registrado nesta ocasião.
O evento está associado a um “mecanismo de falha inversa”, característico da zona de subducção do Pacífico sob a placa da América do Norte, onde a placa do Pacífico avança cerca de 75 mm por ano em direção oeste-noroeste.
Modelos e réplicas
O instituto espanhol também divulgou imagens que modelam o comportamento do tsunami nas próximas horas, indicando o potencial de novas ondas e alagamentos em várias regiões costeiras do Pacífico.
O Instituto Geográfico Nacional (IGN) da Espanha, ligado ao Ministério dos Transportes, também está monitorando o evento e suas réplicas por meio de seu visualizador global de terremotos.
O terremoto de hoje foi precedido, em 20 de julho, por um sismo de magnitude 7,4 — agora classificado como uma “réplica antecipada”. Até o momento, já foram registradas 10 réplicas superiores a magnitude 5, sendo a mais intensa de 6,9.
Whoahhhhh! Videos showing the shaking from the M8.7 earthquake that hit off the coast of Kamchatka, Russia
pic.twitter.com/Q5dYAstWil
— Volcaholic
(@volcaholic1) July 30, 2025
Especialistas: energia liberada e impacto prolongado
Segundo o sismólogo John Townend, professor de Geofísica na Universidade de Victoria, na Nova Zelândia, o terremoto de Kamchatka é o mais forte do mundo desde Tohoku em 2011.
De acordo com suas estimativas, a falha pode ter deslizado mais de 10 metros numa área de aproximadamente 150 por 400 km.
Ele acrescenta que a energia liberada foi cerca de 30 vezes superior à do terremoto de Kaikoura, também na Nova Zelândia, em 2016 (magnitude 7,8), embora ainda três vezes menor que a do terremoto de Tohoku.
Para a pesquisadora Caroline Orchiston, diretora do Centro para Sustentabilidade da Universidade de Otago, também na Nova Zelândia, a localização remota do epicentro deve limitar os danos a pessoas e propriedades.
Ainda assim, ela alerta para o impacto prolongado das réplicas, que podem afetar psicologicamente as populações da região nos próximos meses ou até anos.
Alerta em todo o Pacífico
As ondas geradas pelo terremoto já causaram inundações em localidades costeiras da Rússia, como Severo-Kurilsk, e atingiram o Japão, onde mais de 1,9 milhão de pessoas foram orientadas a evacuar para áreas elevadas. Em Kuji, na província de Iwate, uma onda de 1,3 metro foi registrada.
Nos Estados Unidos, as costas do Alasca e do noroeste do Pacífico foram colocadas sob aviso de tsunami. Em Crescent City, no Oregon, as maiores ondas previstas podem chegar a 1,5 metro, embora em outras regiões a expectativa seja de elevação de até 30 centímetros.
No Havaí, o alerta inicial foi rebaixado para um aviso de tsunami, após ondas de cerca de 1,7 metro atingirem o litoral norte de Maui. A governadoria local relatou alagamentos em regiões costeiras, mas sem registros de danos graves.
As autoridades seguem monitorando o avanço do tsunami e das réplicas, enquanto cientistas reforçam a necessidade de cautela em todas as regiões litorâneas do Pacífico nas próximas horas.