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Que mais aí anda com fadiga de IA?

Por dever do ofício, mantenho atenção redobrada nos conteúdos sobre inteligência artificial com que esbarro internet afora. Um deles apareceu na minha timeline do Instagram num carrossel publicado pela Bia Granja, especialista em cultura de internet e creator economy. O tema: fadiga de IA.

Três palavras simples, que combinadas traduziram muito do que às vezes sinto na minha relação meio tóxica, meio abençoada com tecnologia — e acho que não estou sozinho nessa, como o post dela sinalizou.

Procurei a Bia, então, para saber mais sobre essa ideia. Tire uns minutos do seu dia para ver se você se identifica também com a sobrecarga tecnológica descrita por ela.

Veja: O que é a “fadiga da IA”?
Bia Granja: É o cansaço em relação à produção e ao consumo de conteúdo gerado por inteligência artificial. No cenário atual, a IA está avançando rapidamente, oferecendo saltos fenomenais em termos de criação, tempo e custo. Mas essa democratização dos meios de produção gerou uma inundação de conteúdo.

Tenho a impressão de que as coisas já estavam saturando mais depressa. Você acha que a IA acelerou esse processo?
Sim, eu acho que sim, porque ela acelerou o processo de produção e distribuição de conteúdo.

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E de descarte também, então?
Exato. Mais pessoas conseguem se apropriar de memes, ideias e tendências, fazendo isso em menos tempo.  Produzindo em cima disso e jogando de volta no mundo digital. Você começa a ter ciclos muito mais rápidos de tudo: de começo, meio e fim de qualquer tema. Depois da Marisa Maiô, vimos uma proliferação de entrevistadoras bizarras, senhoras desbocadas, e essa repetição de formato, até que algo novo apareça.

Marisa Maiô: sucesso da apresentadora criada com IA criou uma onda de
Marisa Maiô: sucesso da apresentadora criada com IA criou uma onda de “senhoras desbocadas” em vídeos de humorReprodução/Instagram

Nossa, a Marisa Maiô saturou em tempo recorde, eu acho. O trabalho do Raony é incrível. Mas as cópias que vieram na esteira me cansaram.
A Marisa Maiô mostrou que um conteúdo feito com IA poderia ser criativo e trazer uma nova perspectiva. A partir dela, vimos um boom de perfis e conteúdos gerados por IA, como personagens diversos, que rapidamente se tornaram repetitivos. Isso gerou uma sensação de: “Caramba, tudo agora é IA? Não sei mais o que é o quê, e tudo parece igual!”.

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A fadiga de IA tem relação também com o fato de que tem inteligência artificial em todas as instâncias da vida? Por exemplo: eu abri o Word, só queria escrever, e veio uma IA me oferecendo ajuda quando eu não precisava, sabe?
Exatamente. É como aquele clipezinho do Word que aparecia do nada. Você só queria usar o Word para escrever, e ele ficava te sugerindo coisas. As pessoas estão assim: “eu quero pensar por mim mesmo! Não preciso de ajuda agora.”

Então dá para a gente pensar em duas vertentes da fadiga de IA: a da percepção ligada ao conteúdo e a da oferta de ferramentas. É isso?
E também é uma conversa muito dominada pelas discussões sobre o que a IA vai matar, e das oportunidades que ela vai trazer. É como se precisássemos de um tempo para respirar. Aí você tem a pessoa que consegue sucesso com um perfil de conteúdo totalmente gerado por IA, que em pouco tempo bate 150 mil seguidores, e passa a ser vista como autoridade — embora ninguém saiba bem quem ela é. Daí a pessoa vende um curso sobre como repetir a fórmula que deu certo para ela. Existe um meta-ecossistema que alimenta essa fadiga.

O que você acha que vem depois da fadiga de IA?
Acredito que um renascimento, uma nova criatividade. E que nesse cenário vai se destacar quem tem ponto de vista original.

Gosto quando você fala de ponto de vista, porque ficou claro para mim o que me incomoda nessas “senhoras desbocadas” pós-Marisa Maiô: muito conteúdo de IA atual traz piadas batidas apresentadas com tecnologias novas. O Raony criou um paradigma justamente por ter um ponto de vista único.
Para as pessoas que querem incorporar a IA como uma ferramenta de criação, ela é uma aliada. A tecnologia permite que nossa imaginação se torne realidade de uma forma que antes não era possível – sem precisar de superconhecimento em animação ou edição. Por isso sou otimista.

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