A companhia aérea russa Aeroflot cancelou voos nesta segunda-feira, 28, após um ataque hacker afetar seus sistemas de informação. Mais de 50 voos foram cancelados e 10 foram atrasados devido à ofensiva, cuja responsabilidade foi reivindicada por grupos hackers pró-Ucrânia. O episódio acontece em meio ao período tradicional de férias na Rússia.
“Especialistas estão trabalhando atualmente para minimizar o impacto no cronograma de voos e restaurar as operações normais de serviço”, declarou a empresa em um comunicado, sem dar detalhes sobre quanto tempo levaria para solucionar o problema.
O grupo de hackers Silent Crow reivindicou a responsabilidade pelo ataque, alegando ter empreendido a operação junto ao grupo bielorrusso Cyber Partisans. Na declaração de autoria, os ativistas também escreveram: “Glória à Ucrânia! Vida longa à Bielorrússia”.
As autoridades russas confirmaram que o incidente foi resultado de um ataque hacker e abriram uma investigação. A situação foi definida como ‘preocupante’ pelo Kremlin, em um momento no qual diversas organizações na Rússia são vítimas de ataques do tipo.
“A ameaça hacker é uma ameaça que persiste para todas as grandes empresas que prestam serviços à população”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
Para o diretor de inteligência de ameaças da empresa de segurança cibernética Sophos, Rafe Pilling, o incidente não parece ter motivação financeira. Ele afirmou ao jornal britânico The Guardian que o episódio “parece ser uma espécie de evento hacktivista com motivação política de dois grupos que se opõem à Rússia”.
A maioria dos voos cancelados se dirigiria a aeroportos russos, porém algumas viagens tinham como destino Minsk, capital da Bielorrússia, e Yerevan, capital da Armênia. A empresa ofereceu a possibilidade de reembolso ou alteração da passagem em até 10 dias.
Sendo uma das 20 maiores companhias aéreas do mundo, a Aeroflot mantém um alto fluxo de passageiros, mesmo com as sanções ocidentais impostas à Rússia. Segundo o site da companhia, mais de 55 milhões de pessoas foram transportadas em seus aviões no ano passado.
Histórico de ataques
O Silent Crow tem um histórico de assumir a responsabilidade por ataques a entidades russas. Embora não tenha apresentado provas, o grupo alegou ter invadido profundamente a rede da Aeroflot, destruído 7 mil servidores e assumido o controle de computadores pessoais de diferentes funcionários. A equipe hacker também ameaçou divulgar “dados pessoais de todos os russos” que já voaram pela empresa.
Somente neste ano, o Silent Crow assumiu a responsabilidade por ataques a uma empresa estatal de telecomunicações, ao escritório russo da montadora sul-coreana Kia, a um banco de dados imobiliário russo, a uma grande seguradora e ao departamento de TI do governo de Moscou. Boa parte desses ataques resultou em vazamento de dados.
Já o grupo bielorrusso Cyber Partisans é mais antigo. Segundo Rafe Pilling, existem relatos de sua existência desde a virada da década, e a organização é associada a ataques há mais tempo que o Silent Crow.
Reações
Os russos se acostumaram a conviver com interrupções de voos desde o início da guerra da Ucrânia, em fevereiro de 2022. Porém, isso costuma acontecer em decorrência de ataques de drones, não por ofensivas hackers. Por meio da rede social russa VK, muitos passageiros reclamavam da falta de informações por parte da Aeroflot.
“Estou sentada no aeroporto de Volgogrado desde as 3h30 e o voo foi remarcado pela terceira vez!”, disse Malena Ashi, segundo o The Guardian”.
Ela foi acompanhada por outros usuários, como a russa Yulia Pakhota, que disparou: “O call center não está disponível, o site não está disponível, o aplicativo não está disponível. Como posso devolver uma passagem ou trocá-la para o próximo voo, como Aeroflot sugere?”
