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O que o investidor pode esperar de ‘Supersemana’ com Copom e bomba-relógio do tarifaço

Já seria uma semana importante com a tradicional “Superquarta”, que ocorre quando tanto o Banco Central brasileiro quanto o Fed, o BC norte-americano, divulgam novas taxas de juros que balizam as economias de ambos os países. Mas os últimos dias de julho prometem muita emoção e tensão, o que no mercado financeiro se traduz em um único comportamento: volatilidade. Afinal, não é todo dia, ou toda semana, que os Estados Unidos podem efetivamente taxar as exportações do Brasil em 50%. Tudo muda, claro, se houver desenlace positivo para a guerra comercial entre os dois países. Mas isso deixou de ser uma alternativa plausível para o mercado neste momento, enveredando mais para o campo da torcida para que algo ocorra.

“Semana bem importante para o mercado, pode ter volatilidade sim”, indica o head de tesouraria do C6 Bank.

Unânime porém parece ser a expectativa em torno da decisão sobre a taxa básica de juros brasileira, a Selic. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne a partir de terça-feira. O Bradesco espera pela manutenção, conforme sinalização do próprio colegiado na reunião anterior, que fixou a taxa em 15% ao ano. Segue pelo mesmo caminho o Itaú, cuja análise sobre a Selic já contempla um cenário externo bastante incerto. Em outras palavras: a ameaça do tarifaço. Para o Itaú, a taxa fica em 15% e encerra-se o ciclo de aperto monetário que se iniciou em setembro de 2024. A decisão, segundo o banco, deve refletir a “avaliação de que, apesar das projeções de inflação ainda acima da meta, os efeitos defasados da política monetária seguem em curso, enquanto a elevada incerteza global demanda cautela adicional”.

No caso do Fed, a expectativa também gira em torno da manutenção da taxa atual, que está no intervalo entre 4,25% e 4,5% ao ano. Se isso ocorrer, será, mais uma vez, uma decisão de Jerome Powell, presidente do Fed, que desagrada o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O chefe da Casa Branca cobra publicamente a redução dos juros. Ou seja, se a expectativa se confirmar e a taxa “estacionar”, novas declarações de Trump a cerca do tema podem acrescentar nova pitada de volatilidade. Por fim, taxa de juros a 15% ao ano no Brasil significa que os produtos de renda fixa podem seguir oferecendo ao investidor comum boa rentabilidade com risco reduzido, sobretudo quando comparado à renda variável.

De volta ao tarifaço norte-americano

Enquanto segue-se sem um acordo no horizonte entre Brasil e Estados Unidos, democratas acusam Trump de abuso de poder por conta do tarifaço e a Casa Branca busca nova base legal para justificar a aplicação dos 50%. “O evento mais aguardado da semana será a implementação das tarifas comerciais”, resume Sara Paixão, analista de macroeconomia da InvestSmart. “É provável que vejamos oscilações maiores, principalmente de ações de setores expostos ao mercado norte-americano, como siderurgia, agronegócio, papel e celulose e automotivo”, indica Otávio Araújo, consultor sênior da Zero Markets Brasil. Para ele, não será estranho que na bolsa investidores realizem lucros também. E no caso da renda fixa, com os títulos públicos de longo prazo pagando entre 13,8% e 14% ao ano, não há com que se preocupar. “A grande preocupação neste momento não é a reunião do Copom, e sim o tarifaço dos Estados Unidos”, finaliza Karine Damiati, sócia da AVG Capital.

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O humor instável da semana decisiva deve fazer com que a bolsa de valores, mais uma vez, estacione nos patamares atuais. O Ibovespa, que começou o ano chafurdando nos 120 mil pontos, experimentou expressiva valorização no primeiro semestre do ano. Tanto que chegou aos 141 mil pontos. Mas com as últimas duas semanas de pregões difíceis, a bolsa orbita em torno dos 133 mil pontos  – distante, portanto, da marca simbólica dos 150 mil pontos projetada por muitos agentes do mercado para o fim de 2025.

Também é uma importante semana de divulgação de balanços, com um número bastante expressivo de empresas divulgando os resultados referentes ao segundo trimestre do ano. O desempenho pode mexer com os papéis nesta mesma bolsa de valores. E a semana reserva a divulgação de dados por parte do Santander, Bradesco e da Vale. Não é pouca coisa.

Pressão no dólar

Falando mais cedo na semana passada com VEJA NEGÓCIOS, William Castro Alves, que é  estrategista-chefe e sócio da Avenue, disse que a crise comercial pode respingar no real. A moeda brasileira, segundo avaliação de Castro Alves, é um ativo de risco para investidores e essa indefinição tarifária não faz nada bem. “O real é a primeira moeda que sente, primeiro ativo que sente, consequentemente, você poderia esperar aí mais pressão caso a gente não venha a ter uma novidade nessa questão das tarifas”.

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