Desde que o presidente Donald Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, integrantes do governo Lula correram para jogar a responsabilidade da sanção sobre membros da família Bolsonaro e afastar qualquer problema comercial que justificasse uma nova taxação americana. O presidente da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), Jorge Viana, é um dos que entoam o discurso.
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Para Viana, o pano de fundo da sanção não tem vínculos comerciais, visto que os Estados Unidos, hoje, estão em uma notória vantagem e há anos são superavitários nos negócios brasileiros.
“A medida tem interesses particulares de uma família que trabalha contra os interesses nacionais e contra a soberania brasileira. Não é uma tarifa para fazer justiça ao comércio entre os dois países”, afirma Viana. “É uma sanção que tenta interferir no processo conduzido pela Suprema Corte e ainda falseia os números do comércio Brasil-EUA. Se fosse uma medida exclusivamente de tarifa comercial, o problema estava 100% resolvido”, acrescentou.
A agência presidida por Viana tem como objetivo ampliar os negócios brasileiros fora do país e atrair investimentos estrangeiros. Em cálculos iniciais, segundo a Apex, os projetos brasileiros podem atingir a cifra dos 35 bilhões de dólares.
Viana relata uma “apreensão e uma intranquilidade” imensa entre os setores com negócios com os Estados Unidos e afirma que um dos principais pontos de dificuldade é o fato de que “não é possível identificar nem mesmo o problema”.
“O que vemos é um radicalismo de extremistas que atentam contra a Constituição do Brasil e que certamente vão pagar o crime. A Constituição é muito clara: o crime de trabalhar contra o Estado brasileiro é imprescritível. Essas pessoas estão fazendo isso e em algum momento vão pagar – e pagar caro – pelo crime que estão cometendo”, afirmou.
Na carta em que anunciou uma tarifa de 50%, publicada em uma rede social em 9 de julho, Trump cita o ex-presidente Jair Bolsonaro logo na primeira frase e diz que o julgamento por tentativa de golpe “é uma caça às bruxas que deve acabar imediatamente”.
Desde maio, o deputado Eduardo Bolsonaro está morando nos Estados Unidos e mantendo contato com a Casa Branca. O Supremo abriu um inquérito para apurar uma suposta obstrução de justiça por parte do parlamentar.
Jorge Viana é ex-senador e ex-governador do Acre e aliado de primeira hora do presidente Lula, que o indicou para a função no início do mandato. Ele vislumbra, em 2026, concorrer a uma vaga ao Senado – Casa que, ao que tudo indica, ganhará um reforço de bolsonaristas a partir de 2027.