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Tailândia fecha fronteira e lança bombas após confrontos em área disputada com Camboja

A Tailândia fechou sua fronteira com o Camboja e usou caças F-16 para bombardear alvos no país vizinho nesta quinta-feira, 24, uma escalada significativa após semanas de tensão numa área disputada entre as duas nações do Sudeste Asiático. Os confrontos deixaram pelo menos doze mortos, incluindo onze civis.

Dos seis aviões militares tailandeses posicionados ao longo da fronteira disputada, um disparou contra o Camboja e destruiu um alvo militar, informou seu Exército. Mais cedo, o ministro da Saúde da Tailândia, Somsak Thepsuthin, afirmou que onze civis, incluindo uma criança, e um soldado foram mortos por disparos de artilharia das forças cambojanas, enquanto 24 civis e sete militares ficaram feridos. O Camboja, por enquanto, não deu informações sobre vítimas do seu lado.

Os países trocaram acusações pelo início do confronto direto nesta manhã. Sob disparos, moradores da província tailandesa de Surin, na fronteira, correram para abrigos de concreto e reforçados com sacos de areia e pneus de carro. “Quantos tiros foram disparados? São incontáveis”, disse uma mulher ao Serviço Público de Radiodifusão da Tailândia (TPBS) ao som de tiros e explosões.

O Ministério da Defesa do Camboja, por sua vez, afirmou que afirmou que os ataques aéreos, que segundo a pasta teriam atingido uma estrada, foram “sem provocação”, condenando “a agressão militar imprudente” contra sua “soberania e a integridade territorial”. O órgão também pediu que o vizinho retire suas forças e “se abstenha de quaisquer outras ações provocativas que pudessem agravar a situação”.

Da tensão às vias de fato

A tensão já estava elevada na véspera. Na noite de  quarta-feira 23, a Tailândia chamou de volta seu embaixador na nação vizinha e anunciou que expulsaria o enviado cambojano em Bangkok. A medida foi tomada após um segundo soldado tailandês, no espaço de uma semana, perder um membro devido à explosão de uma mina terrestre que o governo tailandês alegou ter sido plantada recentemente na área disputada.

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Nesta semana, Bangkok também havia acusado o Camboja de colocar minas terrestres em uma área disputada, ferindo três soldados. Phnom Penh negou a alegação e afirmou que os soldados se desviaram das rotas acordadas e acionaram uma mina antiga – a nação possui muitas minas terrestres remanescentes de sua guerra civil de décadas atrás, chegando a milhões, segundo grupos de desminagem.

“O Exército tailandês condena o Camboja por usar armas para atacar civis na Tailândia. A Tailândia está pronta para proteger a soberania e nosso povo de ações desumanas”, disseram as Forças Armadas do país em um comunicado.

O primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, atual presidente do bloco sul-asiático ASEAN, do qual os países em conflito também são membros, pediu calma e se dispôs como interlocutor entre os líderes tailandês e cambojano para uma resolução pacífica da disputa. A China também expressou preocupação com os combates e disse estar disponível para desempenhar papel de mediadora.

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Disputa antiga

Por mais de um século, Tailândia e Camboja disputam vários pontos não demarcados ao longo de sua fronteira terrestre de 817 km, o que levou a escaramuças ao longo de vários anos e a pelo menos uma dúzia de mortes, incluindo durante um confronto de uma semana em 2011.

As tensões reacenderam em maio, após a morte de um soldado cambojano durante uma breve troca de tiros, que se transformou em uma crise diplomática e agora desencadeou confrontos armados.

O conflito ativo começou na manhã desta quinta-feira, perto do disputado templo Ta Moan Thom, ao longo da fronteira entre Camboja e Tailândia, a cerca de 360 km da capital tailandesa, Bangkok. O Exército do país afirmou que o Camboja mobilizou um drone de vigilância antes de enviar soldados com armas pesadas, incluindo lançadores de foguetes, para uma área próxima ao templo. Um porta-voz do Ministério da Defesa do Camboja, no entanto, disse que houve uma incursão não provocada por militares tailandesas e que as forças cambojanas responderam em legítima defesa.

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O Ministro da Saúde da Tailândia, Somsak Thepsuthin, disse a repórteres que as mortes ocorreram em três províncias fronteiriças. Entre as vítimas, segundo ele, está um menino de 8 anos em Surin, onde um hospital teria sido atacado. Thepsuthin afirmou que o ato deveria ser considerado um “crime de guerra”. Na província, o distrito de Kabcheing evacuou 40 mil civis de 86 vilarejos para locais mais seguros.

Vídeos que circulam pelas redes sociais mostram uma coluna de fumaça preta e espessa subindo de um posto de gasolina na província vizinha de Sisaket, na Tailândia, enquanto os bombeiros tentavam apagar um incêndio. Lá, oito pessoas morreram e 15 ficaram feridas. Também houve um morto na província tailandesa de Ubon Ratchathani.

O primeiro-ministro interino da Tailândia, Phumtham Wechayachai, afirmou que a situação era delicada. “Temos que ter cuidado”, disse ele a repórteres. “Seguiremos o direito internacional.”

No início do mês, a então primeira-ministra tailandesa, Paetongtarn Shinawatra, tentou resolver as tensões por meio de uma ligação telefônica com o influente ex-primeiro-ministro cambojano Hun Sen, cujo conteúdo foi vazado e desencadeou uma crise política na Tailândia, levando à sua suspensão do cargo pelo Tribunal Constitucional.

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