O cantor de rap Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, conhecido popularmente como Oruam, divulgou, nesta terça-feira, 22, uma nota em que alega ter sido vítima de “abuso de poder e violência policial”, racismo e xenofobia. O texto foi publicado em referência ao episódio ocorrido nesta madrugada, em que agentes da Polícia Civil estiveram na casa do cantor, no bairro Joá, Zona Oeste do Rio. A polícia foi ao local para cumprir um mandado contra um menor de idade que estaria no imóvel. Na ocasião, houve confusão e um agente saiu ferido após pedras serem atiradas na direção da equipe.
“Durante toda a abordagem, os agentes apontaram armas de fogo, incluindo fuzis, para mim, minha noiva e cinco amigos que estavam presentes na casa”, argumenta Oruam na nota, ressaltando ainda que os policiais estariam sem farda e teriam revistado ítens como roupas, inclusive de sua noiva, além de supostamente “rasgarem e destruírem” pertences pessoais.
No momento do conflito, o cantor publicou vídeos na internet e convocou apoiadores para irem até sua residência para lhe “prestar apoio”. Os agentes chegaram a apreender o menor que estava na casa do cantor, mas ele conseguiu fugir após pedras serem arremessadas nos agentes e na viatura.
“A situação se agravou quando, após a invasão, as agressões continuaram. Para tentar cessar a violência e as ameaças de morte, joguei pedras na direção dos policiais, ação desesperada que, apesar de ser uma reação de desespero, foi uma tentativa de fazer os policiais cessarem as agressões físicas, ameaças e o uso de armas de fogo contra mim, minha noiva e meus amigos. Após toda essa violência e intimidação, senti-me completamente acuado e traumatizado com a situação”, alegou o rapper sobre a situação.
Hoje pela manhã, o secretário da Polícia Civil, Felipe Curi, informou que Oruam seria indiciado por associação ao tráfico de drogas e ligação com a facção Comando Vermelho. Ainda no início da tarde, a Justiça do Rio determinou a prisão preventiva de Mauro Davi dos Santos Nepomuceno pelos crimes de tráfico de drogas, associação ao tráfico, resistência, desacato, dano, ameaça e lesão corporal – alegações que, de acordo com o Tribunal de Justiça fluminense, têm relação direta com a confusão ocorrida nesta madrugada. Ele se entregou por volta das 18 horas na Cidade da Polícia, Zona Norte do Rio de janeiro.
No pronunciamento, Oruam nega todas as acusações.
“Por fim, reitero que não sou bandido, criminoso ou delinquente. Sou artista, legítimo representante da minha expressão musical e cultural. Fui vítima de abuso policial, e que sejam tomadas as devidas providências para que casos como este não se repitam, garantindo direitos e a integridade física e moral. Não posso aceitar que agentes do Estado utilizem a força de maneira desmedida, sem justificativa e sem respeitar os direitos fundamentais dos cidadãos, especialmente daqueles que não representam qualquer ameaça à segurança pública”.
Veja entrou em contato com a assessoria da Polícia Civil e aguarda um posicionamento sobre as acusações feitas pelo rapper em nota.